Bandeira confederada: Carolina do Sul irá removê-la de área da Assembleia Legislativa (Brian Snyder/Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de julho de 2015 às 15h47.
A Carolina do Sul se prepara para retirar, da área da Assembleia Legislativa, a bandeira confederada, um símbolo do racismo para muitos nos Estados Unidos, uma medida destinada a promover reconciliação após um ataque no mês passado contra uma importante igreja para a comunidade negra, cometido por um supremacista branco.
Em uma votação durante a madrugada, após uma longa noite de debates, a Câmara de Representantes seguiu a decisão do Senado, concordando por ampla maioria em remover a bandeira de batalha confederada, que por décadas teve um lugar de destaque na frente do edifício da legislatura.
A medida foi aprovada por 94 votos a favor e 20 contra - muito mais do que os dois terços necessários para a aprovação final.
Durante a noite, a republicana Jenny Horne fez um discurso emocionado e apelou pela retirada do "símbolo de ódio".
"Não posso acreditar que nesta Assembleia não teremos a coragem de fazer algo significativo e suprimir nesta sexta-feira este símbolo de ódio", disse Horne, à beira das lágrimas.
O mesmo projeto passou pelo Senado estadual na segunda-feira com uma votação de 37 a três.
O texto seguirá agora para a mesa da governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley, que havia feito um apelo fervoroso para os legisladores aprovarem a medida após o assassinato de nove afro-americanos no dia 17 de junho em uma igreja.
"Este é um novo dia para a Carolina do Sul, um dia do qual devemos nos orgulhar, que nos reúne a todos enquanto tentamos nos recuperar do massacre de 17 de junho em Charleston", escreveu Haley em sua página do Facebook.
Segundo a imprensa, a governadora pode solicitar a retirada da bandeira antes do fim de semana. O pavilhão está há 15 anos ao lado de um monumento que recorda a Guerra de Secessão (1861-1865), nos jardins do Parlamento de Columbia, a capital do estado.
Ela dispõe de 24 horas após a ratificação da medida para fazer o pedido. A bandeira pode, portanto, ser retirada já na sexta-feira.
Os pedidos de retirada da bandeira, considerada pelas associações de defesa dos negros um símbolo da escravidão, ganharam força depois que Dylann Roof, de 21 anos, um supremacista branco, matou nove afro-americanos em 17 de junho em uma igreja de Charleston.
Roof aparecia em fotografias nas redes sociais ao lado da bandeira confederada.
A retirada da bandeira tem sido um assunto polêmico nos Estados Unidos desde o massacre, seja na política, na sociedade ou na economia, com vários distribuidores optando por não comercializar mais produtos com o emblema.
"Remover este símbolo do passado racista de nossa nação é um grande passo no sentido da igualdade e dos direitos civis na América", reagiu nesta quinta-feira Hillary Clinton, candidata democrata à Casa Branca.
Muitos parlamentares locais também comemoraram o resultado da votação. "Demorou para acontecer, mas eu sempre acreditei que esse dia chegaria", escreve no Twitter James Clyburn, membro da Câmara dos Representantes.
O pastor e senador local Clementa Pinckney, cujos colegas prestaram homenagem acolhendo sua viúva, estava entre as vítimas. Sua mesa foi coberta com um pano preto durante os dias de discussões.
Os poucos opositores da retirada da bandeira fizeram uma última tentativa no Senado evocando, antes da votação, a história do Sul.
Uma vez retirada, a bandeira será exibida em um museu dedicado à história do Sul dos Estados Unidos.