Basílica de São Pedro, no Vaticano: conclave será marcado por cardeais de muitos países (Laurie Chamberlain/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 30 de abril de 2025 às 16h50.
A sétima congregação geral de cardeais, as reuniões preparatórias para o conclave, contou esta manhã com a presença de 181 deles, 124 dos quais são eleitores, e abordou a delicada situação econômica e financeira da Santa Sé, um dos desafios para o novo papa.
O porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, explicou que o debate desta manhã se concentrou nos “problemas” e “desafios” das finanças do Vaticano, com declarações dos cardeais Reinhard Marx, como coordenador do Conselho para a Economia; Kevin Joseph Farrell, chefe do Comitê de Investimentos; e Christoph Schoenborn, presidente da Comissão de Supervisão do IOR (o banco do Vaticano).
O presidente emérito do Governo da Cidade do Vaticano, Fernando Vergez Alzaga, e Konrad Krajewski, chefe do Dicastério para a Caridade, também fizeram uso da palavra.
Na segunda parte da manhã, foram 14 discursos sobre temas como “a eclesiologia do Povo de Deus” e “a polarização na Igreja e a divisão da sociedade foram citadas como uma ferida”, relatou Bruni.
Entre as reformas de Francisco está a das finanças do Vaticano, com o trabalho de transparência especialmente no IOR, embora o próximo pontífice tenha que lidar com uma revisão real dos gastos, já que as doações para a Igreja caíram consideravelmente.
Em 20 de setembro, Francisco escreveu uma carta aos membros do Colégio de Cardeais pedindo que eles apoiassem reformas na Cúria Romana e, acima de tudo, medidas para reduzir o déficit da Santa Sé.
Na carta, o papa explicou que nos últimos anos houve “uma maior consciência” de que os recursos econômicos a serviço da Igreja “são limitados e devem ser administrados com rigor e seriedade para que os esforços daqueles que contribuíram para o patrimônio da Santa Sé não sejam desperdiçados”.
De acordo com o balanço das contas de 2023, que o jornal "La Repubblica" publicou com antecipação, já que o Vaticano não publica suas contas desde 2022, o déficit operacional foi de 83 milhões de euros, cinco milhões a mais do que no ano anterior e poderia aumentar nos próximos anos, já que as doações dos fiéis a médio prazo estão diminuindo.
Além dos imóveis e dos Museus do Vaticano, a única renda da Santa Sé - que não tem impostos nem política monetária - são as doações: as enviadas a Roma todos os anos pelas Igrejas mais ricas (Estados Unidos, Itália, Alemanha, Espanha e Coreia do Sul) e as oferecidas ao papa pelos fiéis de todo o mundo por meio da chamada Óbolo de São Pedro.
Em 2023, a renda nos cofres do Óbulo de São Pedro chegou a 48,4 milhões de euros (43,5 milhões em 2022), mas, junto com as reservas, 90 milhões foram destinados às despesas da Cúria, os diferentes órgãos que compõem o governo da Igreja Católica.