Capriles: "Maduro deveria se colocar à disposição da Assembleia Nacional, convocando para a união do país" (REUTERS/Marco Bello)
Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2015 às 07h59.
Madri - O ex-candidato presidencial e líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles, se mostrou "extremamente preocupado" com a atitude do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, após a vitória da Mesa de Unidade Popular (MUD) nas eleições legislativas de domingo.
"Maduro deveria se colocar à disposição da Assembleia Nacional, convocando para a união do país, convidando-o a resolver a crise econômica. O que ele fez? Convocou reuniões do seu partido. Continua no Palácio Miraflores, mas em um cômodo cada vez menor ", afirmou Capriles em entrevista publicada nesta quarta-feira pelo jornal espanhol "El País", já que "houve um pronunciamento claro, sem matizes, contundente".
Para o líder político venezuelano, as prioridades deste novo tempo são "a economia, o social e a insegurança".
No entanto, ele reconheceu que "há outros temas que não são excludentes, como que se resolva de uma vez a situação dos companheiros que estão presos por razões políticas", mas insistiu que a prioridade das pessoas que foram votar domingo é "sua situação econômica, pessoal".
Capriles considerou que as eleições de domingo são "um resultado arrasador contra a cúpula" e afirmou que "se o governo não mudar, haverá que mudar o governo".
Sobre o eventual processo de revogação de Maduro, que a oposição poderia iniciar desde a Assembleia Nacional, disse "qualquer dos mecanismos que está na Constituição devem ser debatidos antes de tomar uma decisão".
O ex-candidato presidencial disse apostar no diálogo, embora reconheça que "não há um canal de comunicação, pois há vários grupos dentro do governo", ao reconhecer sua aspiração de "dirigir este país".
Capriles, que não terá uma cadeira na Assembleia Nacional, também se referiu às manifestações do ano passado contra o governo, que desembocaram em uma onda de violência.
Foi um erro "que custou a todos" da posição, admitiu, ao reconhecer que foram convocados quando o governo ainda tinha "54% de apoio popular".
Após as eleições de domingo, nas quais a oposição conquistou a maioria no Legislativo, Maduro garantiu na terça-feira que se tentarem revogar seu mandato, irá "ao combate".