Tabaré Vázquez, candidato à presidência uruguaia pela coalizão de esquerda Frente Ampla (Andres Stapf/Reuters)
Da Redação
Publicado em 28 de novembro de 2014 às 13h50.
Montevidéu - O candidato governista e ex-presidente Tabaré Vázquez se mostrou seguro da vitória, enquanto o opositor Luis Lacalle Pou fez um discurso mais agressivo e apelou à "liberdade" nesta quinta-feira, o último dia da campanha eleitoral para o segundo turno das eleições presidenciais do Uruguai, que transcorreu sem surpresas e com a sensação de que tudo já está decidido.
A enorme distância de 14 pontos percentuais que, segundo as últimas pesquisas, separam os dois adversários em favor do ex-presidente Vázquez, candidato da aliança governista Frente Ampla (FA) e apoiado pelo atual chefe de Estado, José Mujica, marcaram, e muito, a intensidade da campanha.
Com essa vantagem, Vázquez transformou o grande evento que conduziu hoje em Montevidéu em uma festa na qual afirmou várias vezes e de forma veemente que o FA "obterá seu terceiro governo consecutivo em 30 de novembro".
"O FA que hoje encerra esta campanha, semeou esperança há anos que se chegasse ao governo faria um país melhor. E cumpriu. O FA selou, ao longo do tempo, compromissos com o povo e as grandes maiorias nacionais. E hoje colhe confiança, semeou humanismo, solidariedade, fraternidade, e hoje tem uma adesão impressionante", disse.
No dia 26 de outubro, no primeiro turno, Vázquez obteve quase 48% dos votos e, com isso, assegurou a maioria na Câmara dos Deputados (50 de 99), um resultado que não foi antecipado por nenhuma pesquisa e que o deixou às portas da presidência.
Vázquez afirmou que o povo uruguaio comprovou "que esta força política (o FA) tem o melhor projeto para que todos os uruguaios vivam cada vez melhor".
No campo oposto, Lacalle Pou e seu candidato à vice-presidente, Jorge Larrañaga, encerraram suas atividades na cidade de San Carlos, apelando à "liberdade" que os uruguaios terão se sua candidatura vencer.
Lacalle não hesitou em apontar os erros do FA no poder e o perigo que Vázquez representa, pois pode governar abusando de sua maioria parlamentar.
Além disso, criticou o governo pela persistência de áreas marginalizadas "por onde não passaram os dez anos de bonança econômica", pela situação da educação e da segurança pública, que rotulou como um "enorme fracasso", além de atacar as "relações exteriores em função dos amigos" nas quais, segundo sua opinião, o FA incorre constantemente.
Pesquisadores, cientistas políticos e jornalistas de todas as índoles afirmaram, por sua vez, que a única expectativa para as eleições de domingo é ver qual será a diferença de votos em favor de Vázquez.
O analista político Luis Ignacio Zuasnabar disse hoje em declarações ao jornal "El Observador" que, para Lacalle, já será uma vitória se ele conseguir mais de 40% dos votos (o candidato obteve 30,9% no primeiro turno), enquanto Vázquez pode conquistar "uma vitória avassaladora" se tiver mais de 15 pontos de vantagem, o que lhe daria maior legitimidade na hora de realizar suas políticas.
A campanha terminou após uma reta final pouco empolgante, na qual nenhum dos dois adversários protagonizou eventos muito relevantes e em que Vázquez, inclusive, tirou cinco dias de descanso na última semana devido à sua cômoda vantagem nas pesquisas.
No domingo, cerca de 2,6 milhões de uruguaios escolherão o próximo presidente, que assumirá no dia 1º de março de 2015 no lugar de Mujica.