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Candidato pró-Europa chega à Presidência da Romênia, aponta boca de urna

Partido Socialista caminha para o pior resultado desde os anos 1980, em uma votação convocada após derrota de premier em voto de confiança; abstenção pode chegar a quase 48%

Dan superou o representante da extrema direita, George Simion, que terminou na frente no primeiro turno, realizado no começo do mês (AFP Photo)

Dan superou o representante da extrema direita, George Simion, que terminou na frente no primeiro turno, realizado no começo do mês (AFP Photo)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 18 de maio de 2025 às 17h45.

Última atualização em 18 de maio de 2025 às 17h50.

O candidato pró-Europa à Presidência da Romênia, Nicusor Dan, venceu o segundo turno da disputa eleitoral, realizada neste domingo, 18, apontam pesquisas de boca de urna.

Ele superou o representante da extrema direita, George Simion, que terminou na frente no primeiro turno, realizado no começo do mês, após uma campanha marcada por reviravoltas, polêmicas e denúncias de interferência externa na votação.

Nas primeiras palavras após a divulgação das sondagens, Dan, que é prefeito de Bucareste e concorreu como independente, disse que o resultado mostra uma comunidade que deseja “mudanças profundas” na Romênia venceu.

"Uma comunidade que quer o funcionamento das instituições estatais, a redução da corrupção, um ambiente econômico próspero para os romenos, uma sociedade de diálogo e não uma sociedade de ódio" disse Dan. "Obrigado aos dezenas de milhares de romenos que fizeram campanha por uma ideia durante todas essas semanas"

Contudo, Simion não reconheceu os resultados da boca de urna e também se declarou vitorioso. A polícia aumentou a presença nas ruas diante da possibilidade de protestos.

"Sou o novo presidente e estou devolvendo o poder aos romenos", declarou Simion diante do Parlamento.

Segundo suas próprias estimativas, ele terá cerca de 400 mil votos a mais do que Dan quando as urnas terminarem de ser contadas.

Analistas afirmam que, diante da diferença entre os dois apontadas pelas pesquisas — 54,9% contra 45,1% —, são pequenas as chances de uma reviravolta nos números oficiais. O impacto do voto da diáspora, que nem sempre é contabilizado na boca de urna, pode fazer alguma diferença, mas o maior comparecimento às urnas, 64%, acima do visto no primeiro turno, favorece o candidato pró-Europa.

Dan era considerado a terceira força na corrida presidencial romena, atrás de Simion e de Crin Antonescu, ex-presidente e que tinha atrás de si o apoio do governo. Mas os resultados do primeiro turno mostraram uma divisão dentro do campo pró-Europa, do qual Dan e Antonescu fazem parte, além de um profundo descontentamento com as autoridades que hoje comandam o país. Simion terminou em primeiro, com quase 41% dos votos, e Dan ficou em segundo com cerca de 100 mil votos de vantagem sobre Antonescu.

No sistema parlamentarista romeno, o presidente tem um papel majoritariamente cerimonial, mas ele é o comandante das Forças Armadas e tem papel decisivo na concessão de ajuda militar, além de influenciar nos rumos da diplomacia do país. Por isso, a votação era acompanhada com tanto apreço não apenas em Bucareste, mas também em Bruxelas, Kiev e Moscou.

Dentro da estratégia de apoio à Ucrânia diante da invasão russa, a Romênia ocupa um papel central no transporte de armas e equipamentos destinados, apoiando as ações humanitárias à população civil e também através da doação de sistemas como o Patriot, usado na defesa aérea ucraniana. Os romenos também assinaram um acordo de segurança com Kiev, e apoiam as exportações de grãos ucranianos pelo Mar Negro. Além disso, a Romênia desempenha função crucial na defesa do flanco oriental da Otan, a principal aliança militar do Ocidente, comandada pelos EUA.

Durante a campanha, Simion, que se apresentava como uma espécie de “Donald Trump romeno”, afirmou ser contra o envio de ajuda militar à Ucrânia, um país do qual foi banido em 2024 por acusações de “liderar atividades anti-ucranianas de forma sistemática”. Contudo, ele tentou amenizar algumas de suas visões na reta final da campanha, dizendo que não se distanciaria da Otan ou da União Europeia, e afirmando que a Rússia era a maior ameaça ao seu país.

Dan, um professor de 55 anos que entrou para a política através do ativismo, foi eleito prefeito de Bucareste e agora presidente, trazia posições mais claras: em seus discursos, defendia uma maior coordenação com Bruxelas, o fortalecimento dos laços com o Ocidente e considerava o apoio à Ucrânia uma prioridade. Em uma entrevista ao site Euronews, no começo do mês, ele defendeu a entrada de Kiev na União Europeia.

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