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Candidato de Kirchner visita Lula — e tenta não ser o próximo Haddad

O presidenciável de oposição na Argentina, Alberto Fernández, é alternativa moderada à má reputação da ex-presidente Cristina Kirchner

Alberto Fernández: candidato, que tornou-se cabeça de chapa em junho, é parte de grupo internacional pela liberdade do ex-presidente Lula (Augustin Marcarian/Reuters)

Alberto Fernández: candidato, que tornou-se cabeça de chapa em junho, é parte de grupo internacional pela liberdade do ex-presidente Lula (Augustin Marcarian/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2019 às 07h03.

Última atualização em 4 de julho de 2019 às 07h33.

Dois países vizinhos, com dois ex-presidentes populares e investigados por corrupção que tentam voltar ao poder. Nesta quinta-feira, as semelhanças de Brasil e Argentina se encontram em Curitiba. Em meio à campanha eleitoral argentina, o candidato de oposição à presidência, Alberto Fernández, faz uma visita relâmpago nesta quinta-feira, 4, ao ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba.

Defensor da liberdade de Lula, Fernández é o candidato na chapa da ex-presidente argentina, Cristina Kirchner (2007-2015), sua vice e mais à esquerda. Visto como mais moderado (e já tendo rompido com Kirchner no passado), o político foi a aposta da chapa para atenuar a rejeição sofrida pela ex-presidente.

A visita relâmpago de Fernández a Lula será sua primeira viagem internacional como presidenciável e, às vésperas da eleição argentina em 27 de outubro, traz alguns paralelos com o cenário brasileiro. Na corrida presidencial, Kirchner acabou, assim como Lula, por ser a única opção de oposição com chances de vencer o atual presidente Mauricio Macri, de centro-direita. Kirchner, contudo, está sendo julgada por corrupção, o que pode gerar represálias futuras da Justiça e do eleitorado. (Assim como Lula, ela afirma que as acusações são políticas.)

A esquerda argentina tenta não repetir os erros de Lula: apesar de estar anteriormente liderando as pesquisas por alguns pontos, Kirchner desistiu da ideia de ser candidata e aceitou o posto de vice, com menos holofotes. O contrário do que fez por aqui o PT, que manteve Lula como candidato até o último segundo possível e fez o então vice da chapa, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, só começar campanha própria meses mais tarde.

O erro de cálculo pode ter custado ao PT a derrota para o hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL). Por outro lado, a própria ascensão de uma figura como Bolsonaro deve ser impedida na Argentina pelo outro lado do espectro, o presidente Mauricio Macri. Para angariar votos do centro, o político colocou de forma inesperada o peronista Miguel Pichetto como vice. Depois disso, suas intenções de voto subiram e ele passou a empatar as pesquisas com Fernández, com 43% dos votos cada.

Macri terá de lidar na campanha com a inflação acumulada em mais de 50% nos últimos 12 meses, expectativa de queda de 1,2% na economia e frequentes greves. O risco para Fernández, como foi para Haddad, é não conseguir se descolar totalmente da desgastada imagem de Kirchner a ponto de conquistar o eleitor de centro. Neste sentido, a visita a Lula pode atrapalhar mais do que ajudar.

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