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Candidato a comandar CIA será interrogado por uso de drones

Programa de drones voltou a ser discutido hoje após ser divulgado que EUA mantiveram durante últimos dois anos uma base secreta com este tipo de aviões na Arábia Saudita


	Um drone Predator americano armado com mísseis se prepara para decolar em Kandahar, no Afeganistão
 (AFP/Massoud Hossaini)

Um drone Predator americano armado com mísseis se prepara para decolar em Kandahar, no Afeganistão (AFP/Massoud Hossaini)

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Da Redação

Publicado em 6 de fevereiro de 2013 às 17h49.

Washington - O candidato do presidente Barack Obama a comandar a Central de Inteligência Americana (CIA), John Brennan, enfrentará nesta quinta-feira um duro interrogatório durante sua audiência de confirmação no Senado em função dos questionamentos ao uso de aviões não tripulados (drones) em operações antiterroristas.

O programa de drones voltou a ser discutido hoje após ser divulgado que os Estados Unidos mantiveram durante os últimos dois anos uma base secreta com este tipo de aviões na Arábia Saudita, de onde foram lançadas operações contra terroristas ligados à organização Al Qaeda e localizados no Iêmen.

Brennan foi um dos incentivadores do uso de drones e terá que esclarecer as dúvidas sobre a falta de transparência e a legalidade deste tipo de arma, usado tanto pela CIA como pelo Pentágono, que chegou a usar os aviões para matar no exterior americanos suspeitos de terrorismo.

Se há uma semana o candidato a secretário de Defesa, o republicano Chuck Hagel, foi questionado pelos republicanos durante sua audiência de confirmação, amanhã os democratas deverão colocar Brennan contra a parede. Os dois são parte importantes da futura equipe de segurança de Obama.

Brennan, de 57 anos, assessor da Casa Branca em política antiterrorista, teve um papel-chave nas negociações com a Arábia Saudita para estabelecer a base secreta dos drones, revelou hoje o jornal "The Washington Post".


Considerado um dos criadores da estratégia de ataques seletivos com aviões não tripulados contra supostos líderes terroristas, que desde 2009 vem sendo praticada pelos EUA, Brenann é visto com receio pelos ativistas que questionam a efetividade do programa e criticam os danos contra a população civil.

Supostamente, da base na Arábia Saudita partiu o drone que em setembro de 2011 matou Anwar al Awlaki, um clérigo radical islamita nascido nos EUA e conhecido por ser um dos líderes da Al Qaeda na península Arábica. Opositores da operação questionaram se as execuções extrajudiciais de cidadãos americanos eram legais.

A Casa Branca assegurou que os ataques antiterroristas com drones no exterior são "legais, éticos e sensatos", enquanto organizações como a Human Rights Watch pediram mais transparência e rejeitaram as "razões vagas" com as quais os ataques que ocorrem "diariamente" são justificados.

Apesar de Brenann ter imposto controles internos mais rigorosos para selecionar alvos, segundo a New American Foundation o programa causou mais de 2.000 mortos, incluído civis.

O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, defendeu hoje que os esforços antiterroristas dos EUA "estão designados para limitar as baixas civis". O funcionário lembrou que Obama considera que Brennam "fez um extraordinário trabalho para combater a Al Qaeda, incluída a eliminação de (Osama) Bin Laden".


O Departamento de Justiça justificou em um memorando tornado público esta semana a morte de cidadãos americanos no exterior quando se tratar de um "líder de alta categoria, a cargo de operações" da Al Qaeda ou de organizações vinculadas e signifique uma ameaçada "iminente" para os EUA.

No entanto, os analistas asseguram que os ataques de drones em países como Paquistão, Somália e Iêmen teve um "efeito bumerangue" e contribuiu para a radicalização dos povoados locais e o aumento do número de simpatizantes da Al Qaeda no Iêmen, segundo Micah Zenko, da Council on Foreign Relations.

Em seu relatório "Reforming U.S. Drone Strike Policies", Zenko assinala que embora seja difícil determinar a motivação dos insurgentes e das organizações terroristas, "parece que há um forte relação entre o aumento de assassinatos seletivos no Iêmen desde dezembro de 2009, um maior ódio contra os Estados Unidos e uma maior simpatia ou lealdade" com a Al Qaeda.

A União Americana de Liberdades Civis (ACLU) expressou sua inquietação pelo fato do Executivo ter autorizado a execução de uma pessoa "longe de um campo de batalha reconhecido e sem nenhum tipo de intervenção judicial antes ou depois dos fatos".


Brennan, nomeado em 7 de janeiro para substituir como chefe da CIA o general David Petraeus, que renunciou ao cargo, comparecerá amanhã diante da Comissão de Inteligência do Senado em uma audiência na qual também se espera que responda sobre sua passagem pelo órgão de inteligência durante a presidência de George W. Bush e o uso da tortura para interrogar suspeitos de terrorismo.

Durante seus mais de 25 anos na CIA, Brennan ocupou diferentes cargos, como analista, chefe do departamento em Riad (Arábia Saudita) e chefe de pessoal durante a gestão de George Tenet, época na qual o órgão se envolveu em um programa de capturas secretas e técnicas de interrogatório como a asfixia simulada.

Se for confirmado, Brennan substituirá no cargo o general David Petraeus, que renunciou em novembro quando sua relação amorosa extraconjugal se tornou pública.

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