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Candidata de oposição na Bielorrússia foge após perder eleição

A campanha de Tikhanouskaya foi considerada uma das mais bem-sucedidas em anos da oposição

Svetlana Tikhanouskaya em eleição na Bielorrússia, em 9 de agosto: ela deixou o país nesta madrugada (Vasily Fedosenko/Reuters)

Svetlana Tikhanouskaya em eleição na Bielorrússia, em 9 de agosto: ela deixou o país nesta madrugada (Vasily Fedosenko/Reuters)

CR

Carolina Riveira

Publicado em 11 de agosto de 2020 às 10h25.

A candidata de oposição da Bielorrússia, Svetlana Tikhanouskaya, deixou o país nesta madrugada. O anúncio foi feito pela própria candidata em um vídeo publicado nesta terça-feira, 11, dois dias depois de ela perder a eleição presidencial para o presidente Alexander Lukashenko.

Lukashenko está no poder desde 1994, sendo considerado por analistas o "último ditador da Europa". Protestos tomam conta da Bielorrússia após nova vitória eleitoral do presidente, que governa desde o fim da União Soviética.

Nas urnas, a Tikhanouskaya teve menos de 10% dos votos, embora sua campanha tenha sido considerada uma das mais bem-sucedidas em anos, o que levantou questionamentos sobre a veracidade dos resultados.

A opositora afirmou que deixou o país por vontade própria. O governo da Bielorrúsia também divulgou comunicado afirmando que não forçou a candidata a se retirar do país ou não a ameaçou de qualquer forma.

Tikhanouskaya está na Lituânia, onde já estão seus filhos, que foram enviados para lá durante a campanha -- a candidata afirmou que eles receberam ameaças de morte.

"Sabe, eu pensei que essa campanha toda tivesse me deixado muito mais durona e me dado muita força para lidar com qualquer coisa", disse Tikhanouskaya em um vídeo no YouTube. "Mas, provavelmente, eu ainda sou a mulher fraca que eu era em primeiro lugar. Eu tomei uma decisão muito difícil para mim mesma."

"E eu sei que muitas pessoas vão me entender, muitas vão me julgar e muitas vão me odiar", disse. "Então, pessoal, tomem cuidado, por favor -- nenhuma vida vale o que está acontecendo agora. As crianças são a coisa mais importante em nossas vidas."

Ao menos um manifestante morreu nos protestos na Bielorrússia após a eleição. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo -- que está em viagem ao leste europeu nesta semana -- disse que as eleição não foram "livres e justas".

Tikhanouskaya é ex-professora de inglês e terminou sendo uma das maiores oponentes a Lukashenko em anos. Ela se tornou candidata depois que o marido, o candidato inicial, foi preso pelo governo.

Concorrer contra Lukashenko é um risco. Além do marido da candidata de oposição, o ex-banqueiro Viktor Babaryko, oponente mais forte do governo, foi preso em junho acusado de “fraude” e proibido de concorrer. Outra opositora, Maria Kolesnikova, foi presa no sábado. A chefe de campanha de Tikhanouskaya também foi presa no sábado.

Lukashenko é aliado de outro longevo líder europeu — o vizinho Vladimir Putin, presidente da Rússia desde 1999 e que também é acusado de ter dificultado o desenvolvimento da oposição e perseguido opositores.

Segundo agências internacionais, dezenas de manifestantes foram presos após repressão das forças policiais a protestos em várias partes do país, sobretudo na capital, Minsk, onde mais de 60.000 pessoas foram às ruas. Segundo o jornal Financial Times, o grito de guerra era “saia”, para Lukashenko.

Para além da falta de reformas políticas e do longo período de Lukashenko no poder, os manifestantes criticam os números ruins no combate ao novo coronavírus. Com 9 milhões habitantes, a Bielorrússia teve 68.000 casos de covid-19, mais do que a vizinha Polônia, que tem quatro vezes mais moradores.

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