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Câncer não pode ser ocasionado, segundo oncologista peruano

"O câncer não é contagioso e nem pode ser inoculado", disse o oncologista Elmer Hortas, pesquisador de câncer e ex-presidente da Sociedade Americana do Câncer nos EUA

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 6 de março de 2013 às 17h32.

Washington - O câncer não é contagioso e nem pode ser inoculado, e as afirmações de terça-feira de que a doença que matou Chávez havia sido "ocasionada" não se baseiam na realidade, afirmou nesta quarta-feira um oncologista peruano em Washington.

"O câncer não é contagioso e nem pode ser inoculado", disse à Agência Efe o oncologista Elmer Hortas, pesquisador de câncer e ex-presidente da Sociedade Americana do Câncer nos EUA.

Hortas, diretor de um consultório de prevenção médica para imigrantes hispânicos na área de Washington, considerou importante entender a evolução do câncer nos seres humanos e por isso negou as acusações de que o câncer de Chavez foi ocasionado.

Ao insistir em que "os inimigos históricos" da Venezuela buscaram "prejudicar a saúde" de Chávez, o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse ontem que "chegará o momento certo da história em que será possível formar uma comissão científica para provar que o comandante Chávez foi atacado".

"Já temos muitas pistas sobre este tema, mas é algo muito sério do ponto de vista histórico, que terá que ser investigado por uma comissão especial de cientistas", acrescentou Maduro em um discurso televisivo.

Mas, segundo Hortas, "isto está longe da verdade", sobretudo porque a maioria dos pacientes não morre de câncer, mas sim das complicações que a doença produz.


Chávez, de 58 anos, desenvolveu uma grave infecção pulmonar após a última cirurgia em dezembro e segundo o especialista, apesar de não saber qual o tipo de câncer que o presidente tinha, afirmou que com certeza teve acesso aos melhores tipos de tratamento.

Da mesma forma, o especialistas comentou em seu blog virtual divulgado no site do jornal peruano "El Comercio", que está convencido de que os médicos cubanos viram que não havia mais jeito e foi então que sua família decidiu levá-lo para Caracas para aguardar sua morte.

Sobre a possibilidade de que um vírus possa ter sido injetado para provocar um câncer, Hortas explicou que só o câncer de colo de útero é causado por vírus, o do papilomavírus humano (HPV).

"Apesar de saber que 90% desses tipos de câncer são causados por quatro variedades do papilomavírus humano, nem todas as mulheres que carregam o vírus desenvolvem o câncer", disse Hortas.

Hortas insistiu que é "impossível, muito difícil" que se possa introduzir um câncer em um ser humano devido principalmente à compatibilidade das células e dos tecidos.

O câncer se caracteriza pela multiplicação desordenada de células vivas que, como qualquer outra célula, possuem o MHC (Complexo Principal de Histocompatibilidade), explicou o especialista.


Estes complexos, chamados HLA (Human Leukocyte Antígeno) nos humanos, determinam, no caso de transplante de órgãos, que estes sejam aceitos ou rejeitados pelo paciente.

Pelo assunto de compatibilidade, "para que teu corpo aceitasse células de um tumor cancerígeno, estas teriam que provir de um parente muito próximo, como tua mãe ou tua irmã", assinalou Hortas, ao indicar que é impossível contrair câncer por via oral ou injetável porque o sistema de defesa do receptor rejeitaria as células cancerígenas.

Por outra parte, acrescentou que, para envenenar alguém com uma substância química tóxica para que desenvolva câncer - como sucede, por exemplo com o uso do tabaco- requereria "um grande tempo de exposição", com dose constantes e prolongadas durante muitos anos.

A ideia de que uma só dose de "veneno" possa causar câncer "não tem fundamento científico", enfatizou Hortas. EFE

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