Mundo

Canadá debate o que fazer sobre bullying

Deputado social-democrata Morin revelou que sofreu bullying no colégio, e disse que a situação se transformou em 'um problema nacional', potencializado pela internet

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 12h45.

Toronto - O Parlamento canadense iniciou esta semana o debate de uma moção para enfrentar o assédio escolar e pela internet - este último também conhecido como cyberbullying - poucos dias depois do suicídio de uma jovem canadense, que durante anos foi intimidada no colégio e através da internet.

A trágica morte de Amanda Todd, de 15 anos de idade, aconteceu no dia 10 de outubro, um mês depois que a jovem estudante postou no YouTube um vídeo no qual, sem pronunciar uma palavra e através simplesmente de pequenos cartazes, explica o assédio que sofria há três anos.

No vídeo, de nove minutos e intitulado 'Minha história: luta, assédio, suicídio, dano', Amanda explica que quando tinha 12 anos um homem que conheceu através de um bate-papo na internet a convenceu de que lhe mostrasse os seios.

Um ano depois, o desconhecido entrou em contato com ela através do Facebook e pediu que ela tirasse a roupa na frente da câmera em troca de não distribuir imagens de seu primeiro encontro.

Pouco depois, a Polícia foi à casa da jovem porque as imagens tinham sido distribuídas a seus professores, amigos e familiares.

Amanda descreve no vídeo a ansiedade, depressão e pânico que lhe causou a distribuição de sua imagem nua e como caiu em um círculo vicioso de drogas e álcool que agravaram seu sofrimento.

Um ano depois, o desconhecido criou uma página no Facebook na qual utilizou a imagem nua de Amanda como sua foto do perfil. 'Perdi todos meus amigos e o respeito que as pessoas tinham por mim. Eles me insultavam e me julgavam. Nunca poderei recuperar essa foto. Está lá para sempre', declarou.

O pesadelo de Amanda continuou outro ano mais apesar de ela ter mudado de colégio. Certa vez, alguns jovens a esperaram na frente de sua nova escola e a namorada de um amigo bateu nela enquanto outros gravavam em seus telefones celulares a agressão.

'Queria morrer. Quando (meu pai) me trouxe para casa, bebi água sanitária. Aquilo me matou por dentro e achava que ia mesmo morrer. A ambulância veio, me levou para o hospital e me trataram', continua a jovem canadense no vídeo.


Ao sair do hospital, Amanda descobriu no Facebook várias mensagens dizendo que ela merecia o que estava passando e que deveria morrer. A jovem se mudou para outra cidade e mudou de novo de colégio. Mas o assédio continuou através da internet.

'Estou continuamente chorando. Todos os dias penso por que estou ainda aqui. Minha ansiedade é horrível. Não saí o verão todo. Tudo por causa do meu passado. A vida não melhora. Não posso ir ao colégio ou me reunir com as pessoas. Estou me cortando constantemente. Estou muito deprimida', relatava.

O vídeo termina com dois cartões nos quais se lê: 'Não tenho ninguém. Preciso de alguém. Meu nome é Amanda Todd'; e uma foto de seu braço sangrando com vários cortes.

Amanda foi encontrada morta em sua casa de Port Coquitlam, na província de Colúmbia Britânica, no dia 10 de outubro. A Polícia canadense disse através de um comunicado que sua morte não é fruto de um crime.

A Polícia também não quis comentar informações segundo as quais um suposto pedófilo americano é o indivíduo que chantageou Amanda e divulgou sua foto nua na internet.

A trágica história de Amanda comoveu nos últimos dias o público canadense e na última segunda-feira o deputado social-democrata Dany Morin, de 26 anos de idade, apresentou uma moção no Parlamento canadense para 'prevenir e ajudar aqueles que são vítimas de agressores tanto no colégio como na internet'.

Morin revelou que sofreu bullying no colégio, e disse que a situação se transformou em 'um problema nacional', potencializado pela internet.

Os números respaldam a avaliação de Morin. Segundo a organização Bullying Canada, que se dedica a combater a intimidação escolar no país, uma em cada sete crianças canadenses de entre 11 e 16 anos de idade são vítimas de assédio escolar ou pela internet.

Só nos colégios do país acontecem 282 mil casos deste tipo todo mês, segundo a mesma organização, que assinala que enquanto os meninos principalmente são insultados ou sofrem ameaças, as meninas sofrem assédio sexual. EFE

Acompanhe tudo sobre:Assédio moralBullyingCanadáPaíses ricos

Mais de Mundo

Putin propõe marcar conversas de paz diretas com Ucrânia em 15 de maio

Trump pede 20 mil novos policiais para reforço nas deportações de imigrantes

Trump diz que houve 'reset total' e 'grande progresso' em negociação de tarifas com a China

Museu, balé e catedral: saiba qual foi a programação da visita de Janja à Rússia