Os quebequenses foram convocados para eleger os 125 deputados do Parlamento provincial (Chris Jackson/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de setembro de 2012 às 18h40.
Toronto - As eleições correm tranquilamente na província canadense do Quebec, onde quase 6 milhões de pessoas foram convocadas às urnas nesta terça-feira para escolher um novo Parlamento provincial, enquanto o resto do país espera com preocupação os resultados.
Os líderes de dois dos principais partidos locais, o Partido Quebequense (PQ) e a Coalizão Avénir Québec (CAQ), votaram no início da manhã e estimularam os habitantes da província francófona a irem aos cerca de 20 mil colégios eleitorais que abriram hoje suas portas às 10h30 (de Brasília).
Por sua vez, o primeiro-ministro do Quebec e líder do Partido Liberal do Quebec (PLQ), Jean Charest, havia previsto votar no começo da tarde em sua cidade natal de Sherbrooke.
O favorito, de acordo com as enquetes, é o PQ, um partido que defende a soberania do Quebec, à margem do Canadá, e que é sua maior província. Os colégios eleitorais fecharão às 21h de Brasília.
Os quebequenses foram convocados para eleger os 125 deputados do Parlamento provincial, a Assembleia Nacional do Quebec, que decidirá o próximo governo regional.
As três principais opções são o Partido Quebequense (PQ), defensor da soberania, o federalista Partido Liberal do Quebec (PLQ) e a nacionalista Coalizão Avénir Québec (CAQ).
A líder do separatista PQ, Pauline Marois, votou na cidade de Beaupré, 40 quilômetros a leste da cidade de Quebec, e um dos centros tradicionais do movimento nacionalista quebequense.
Antes de depositar seu voto, Pauline disse que o dia poderia ser ''histórico'' para a província e que ''durante os últimos 30 anos'' se preparou para ser a primeira-ministra do Quebec.
O PQ e Pauline são os principais favoritos a vencer as XV eleições legislativas da província. As enquetes divulgadas na última semana indicam que mais de 30% do eleitorado está decidido a votar pelo partido defensor da soberania. Em seguida vêm o PLQ, de situação, e a CAQ.
Após nove anos no poder e com graves problemas de imagem devido a vários escândalos de corrupção, o PLQ do primeiro-ministro de Quebec, Jean Charest, caminha para seus piores resultados desde 1976.
As enquetes apontam que o PLQ pode ficar relegado ao terceiro lugar na Assembleia Nacional quebequense atrás da CAQ, um partido criado há pouco mais de um ano por um ex-ministro do PQ e empresário quebequense, François Legault.
A maior incógnita é se o voto estratégico dos anglófonos da província (cerca de 10% da população) e os eleitores do federalista PLQ impedirão que o partido de Marois tenha maioria absoluta da Assembleia Nacional de Quebec.
Em jogo, está a possibilidade de que um novo governo do PQ convoque outro plebiscito sobre independência, como já fez em 1980 e 1995.
Vários liberais de destaque disseram hoje que muitos de seus correligionários estavam propondo votar no partido de Legault, que garantiria ao menos uma década de paz sem referendos independentistas, para frear Marois.
Consciente do voto estratégico, Legault reiterou hoje sua intenção de deixar de lado a ideia da consulta pública para concentrar-se na situação econômica do Quebec.
''É um dia histórico, estamos deixando de lado o debate sobre o plebiscito para lançar um desafio real de mudança, limpeza e recuperação de Quebec'', disse Legault na porta de seu colégio eleitoral na cidade de L''Assomption.
Enquanto isso, no restante do Canadá são esperados com ansiedade os resultados das eleições do Quebec, que devem ser divulgados às 23h de Brasília, diante do temor de que uma clara vitória do PQ inicie o mecanismo para uma nova consulta independentista que desequilibre o país.
Em 1995, quando o então primeiro-ministro do Quebec, Jacques Parizeau, realizou o último plebiscito independentista, os partidários do ''sim'', obtiveram 49,42% dos votos. Uma diferença de menos de 30 mil votos permitiu que o Quebec se mantivesse como parte do Canadá.