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Campanha eleitoral monopoliza Dia do Trabalho na França

Polêmica decisão de Sarkozy de convocar ato de seus partidários para celebrar "verdadeiro trabalho" gerou três mobilizações paralelas em Paris

Em uma das manifestações, Marine Le Pen anunciou que votará em branco no segundo turno eleitoral (Getty Images)

Em uma das manifestações, Marine Le Pen anunciou que votará em branco no segundo turno eleitoral (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 1 de maio de 2012 às 13h55.

O segundo turno da eleição presidencial francesa - que será disputado no domingo entre o presidente Nicolas Sarkozy e o socialista François Hollande- tomou conta nesta terça-feira do Dia do Trabalho com três manifestações, em uma das quais a ultradireitista Marine Le Pen anunciou que votará em branco.

Devido à polêmica decisão de Sarkozy de convocar um ato de seus partidários para celebrar o "verdadeiro trabalho" junto com o tradicional desfile sindical, houve três mobilizações paralelas em Paris, fazendo do 1º de maio uma oportunidade de demonstrar força.

Em uma das manifestações, organizada há anos nesta data pelo partido de extrema-direita Frente Nacional (FN) em memória de Joana D'Arc, sua líder Marine Le Pen anunciou que votará em branco no segundo turno eleitoral e já convocou seus partidários para as legislativas de junho, anunciando um "terceiro turno".

"Não darei minha confiança nem mandato a esses dois candidatos", afirmou.

"No domingo votarei em branco", concluiu.

Apesar de uma argumentação em favor do voto em branco durante todo o seu discurso, Le Pen não deu explicitamente uma orientação de voto: "Cada um fará sua escolha. Eu farei a minha. Vocês são cidadãos livres e votarão segundo sua consciência, livremente", afirmou.

Sarkozy, que não poupou ataques aos sindicatos durante a campanha, em particular contra a central CGT, pediu que não votassem nele, e reiterou suas críticas na segunda-feira acusando seus líderes de "traírem a causa do sindicalismo".

Os líderes sindicais "que pedem votos para um candidato (...) traíram a causa do sindicalismo", disse.

"Hollande desfilará atrás das bandeiras vermelhas da CGT, eu discursarei diante de um bosque de bandeiras tricolores", afirmou, apesar de seu adversário ter anunciado que não participará de atos sindicais.

Hollande assistiu nesta terça-feira em Nevers (Borgonha) a uma cerimônia em memória do ex-primeiro-ministro Pierre Bérégovoy, que se suicidou no dia 1º de maio de 1993.

"A festa do trabalho é a festa dos sindicalistas e eu não posso aceitar que possa haver na França uma batalha contra o sindicalismo no 1º de maio", declarou Hollande após a cerimônia.

O candidato socialista havia declarado antes que considera que os "políticos não têm que interferir" na festa dos trabalhadores e lamentou que "Sarkozy a utilize como instrumento de conflito".

O ato sindical foi convocado pelas confederações CGT, DFDT, UNSA, Solidários e FSU. Cerca de 300 desfiles estão previstos em todo o país com lemas em defesa do emprego, do poder aquisitivo e de luta contra "a xenofobia e o racismo".

A CGT pediu na semana passada que seus afiliados votem contra Sarkozy, indicando que com "seu balanço e seus projetos, sua reeleição abrirá uma nova sequência de graves retrocessos sociais".

Nesta terça, seu secretário-geral, Bernard Thibault, anunciou que votará em Hollande, lembrando que seu sindicato pediu que Sarkozy seja derrotado.

Em uma entrevista concedida na segunda-feira ao jornal Liberation, o líder da outra central sindical, a CFDT, François Chérèque, que não deu orientação de voto para a eleição, considerou que o discurso de Sarkozy sobre o "verdadeiro trabalho" é "insuportável" e "fonte de preocupação para a democracia" francesa.

Jean-Luc Mélenchon, líder da Frente de Esquerda, exortou todos à saírem às ruas. "Já que Sarkozy decidiu dar as costas aos sindicatos, ele nos encontrará em seu caminho", disse.

Em desvantagem nas pesquisas, Sarkozy lançou a inédita iniciativa de convocar uma manifestação praticamente na mesma hora em que os sindicatos haviam marcado seu ato para outra parte de Paris.

O discurso de campanha do presidente se direciona cada vez mais para a direita com o objetivo de atrair o eleitorado da Frente Nacional. Sua declaração sobre o "verdadeiro trabalho" indignou os sindicatos e a esquerda.

Diante da polêmica, que chegou inclusive ao seu próprio campo, Sarkozy se corrigiu, reconhecendo depois que "o verdadeiro trabalho" não foi uma expressão "feliz" e que quis dizer "verdadeira festa do trabalho".

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