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Campanha de Trump sofre mais uma derrota na Pensilvânia

Advogados de Trump prometeram apelar para a Suprema Corte apesar da avaliação dos juízes de que as reivindicações da campanha não têm mérito

Trump: autoridades da Pensilvânia já certificaram sua contagem de votos na segunda-feira dando vitória para o presidente eleito Joe Biden (Jonathan Ernst/Reuters)

Trump: autoridades da Pensilvânia já certificaram sua contagem de votos na segunda-feira dando vitória para o presidente eleito Joe Biden (Jonathan Ernst/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 27 de novembro de 2020 às 19h20.

A equipe jurídica do presidente Donald Trump sofreu mais uma derrota na Justiça nesta sexta-feira, 27, quando um tribunal federal de apelações da Filadélfia rejeitou totalmente o último esforço da campanha para contestar os resultados das eleições no Estado da Pensilvânia.

Os advogados de Trump prometeram apelar para a Suprema Corte apesar da avaliação dos juízes de que as reivindicações da campanha não têm mérito. "Eleições livres e justas são a força vital de nossa democracia. As acusações de injustiça são graves. Mas chamar uma eleição de injusta não faz dela injusta. As acusações exigem alegações específicas e, em seguida, provas. Não temos nenhum dos dois aqui", escreveu o juiz do 3º Circuito Stephanos Bibas que integra o painel de três magistrados.

O caso foi discutido na semana passada em um tribunal inferior pelo advogado de Trump Rudy Giuliani que insistiu durante cinco horas de argumentação oral que a eleição presidencial de 2020 foi marcada por fraude generalizada na Pensilvânia. No entanto, Giuliani não apresentou nenhuma prova tangível sobre isso ao tribunal.

O juiz distrital dos EUA, Matthew Brann, disse que a reclamação cheia de erros feita pela campanha parecia o "monstro de Frankenstein, costurada a esmo" e negou a Giuliani o direito de alterá-la pela segunda vez.

O Tribunal de Apelações do 3º Circuito dos EUA considerou essa decisão justificada. Os três juízes do painel foram todos nomeados por presidentes republicanos, incluindo Bibas, um ex-professor de direito da Universidade da Pensilvânia nomeado por Trump. A irmã de Trump, a juíza Maryanne Trump Barry, atuou nesse tribunal por 20 anos, aposentando-se em 2019.

"Os eleitores, não os advogados, escolhem o presidente. Cédulas, não sentenças, decidem as eleições", disse Bibas no parecer, que também negou o pedido da campanha para impedir o Estado de certificar seus resultados, uma demanda que chamou de "tirar o fôlego".

As autoridades da Pensilvânia já certificaram sua contagem de votos na segunda-feira dando vitória para o presidente eleito Joe Biden, que derrotou Trump por mais de 80 mil votos no Estado. Nacionalmente, Biden e sua companheira de chapa, Kamala Harris, acumularam quase 80 milhões de votos, um recorde nas eleições presidenciais dos EUA.

Trump disse esperar que a Suprema Corte intervenha na disputa como fez em 2000, quando sua decisão de interromper a recontagem na Flórida deu a eleição ao republicano George W. Bush. Em 5 de novembro, enquanto a contagem dos votos continuava, Trump postou um tuíte dizendo que "a Suprema Corte deve decidir!".

Desde então, Trump e seus advogados consideram a eleição falha e entraram com uma série de processos para tentar bloquear os resultados em seis Estados-chave. Mas eles encontraram pouca simpatia dos juízes, com quase todos rejeitando suas reclamações sobre a segurança das cédulas enviadas por correio, que milhões de pessoas usaram para votar este ano durante a pandemia de covid-19.

Trump talvez espere que uma Suprema Corte que ele ajudou a conduzir em direção a uma maioria conservadora seja mais aberta a seus apelos, especialmente após a indicação da juíza Amy Coney Barrett.

Biden venceu a eleição por 306 votos no colégio eleitoral contra 232 de Trump, incluindo os 20 da Pensilvânia - são necessários 270 delegados no colégio para vencer a eleição. Mesmo se Trump conseguisse anular o resultado no Estado, ele ainda precisaria reverter o cenário em pelo menos dois outros Estados.

Na quinta-feira 26, Trump disse que a eleição de 3 de novembro ainda estava longe de terminar. Mesmo assim, ele ofereceu o sinal mais claro até o momento de que deixaria a Casa Branca em paz em 20 de janeiro se o colégio eleitoral formalizasse a vitória de Biden.

"Certamente que vou. Mas você sabe disso", disse Trump na Casa Branca, respondendo a perguntas de repórteres pela primeira vez desde o dia da eleição.

Nesta sexta-feira, no entanto, ele continuou a atacar sem fundamento Detroit, Atlanta e outras cidades democratas com grandes populações negras como fonte de "grande fraude eleitoral". E afirmou, sem evidências, que na Pensilvânia foram descobertos drives de memória de computador que "deram a Biden 50 mil votos" cada.

Todos os 50 Estados devem certificar seus resultados antes que o colégio eleitoral se reúna em 14 de dezembro, e qualquer contestação aos resultados deve ser resolvida até 8 de dezembro. Biden ganhou tanto no colégio eleitoral quanto no voto popular por larga margem.

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