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Campanha antidrogas de Duterte mata mais 26 pessoas em um dia

Com essas novas vítimas, o número de mortos em operações policiais desde segunda-feira já chega a 58

Mortes: as novas mortes foram atribuídas a grupos de autodenominados "vigilantes" (Dondi Tawatao/Reuters)

Mortes: as novas mortes foram atribuídas a grupos de autodenominados "vigilantes" (Dondi Tawatao/Reuters)

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EFE

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 11h38.

Manila - A controversa "campanha antidrogas" do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, causou outras 26 vítimas nas últimas 24 horas, o que eleva para 58 o número de mortos em operações policiais desde segunda-feira.

As diferentes operações policiais que deixaram 26 mortos foram praticaram em Manila entre a noite de quarta-feira e esta madrugada.

O chefe da Polícia Nacional das Filipinas, general Ronaldo dela Rosa, considerou hoje que não havia nada "fora do comum" na morte de delinquentes que resistem à detenção, durante um ato em Ozamiz, na ilha de Mindanao (sul do país), segundo publicou a imprensa local.

Dela Rosa pediu aos polícias para continuar o trabalho de manter a ordem e de proteger a população sem se preocupar com a política.

As novas mortes de supostos delinquentes aconteceram depois que Duterte elogiou as forças da ordem por matar 32 pessoas no começo da semana, na operação considerada a mais sangrenta da guerra "antidrogas" até o momento.

Duterte qualificou na quarta-feira de "algo magnífico" a intervenção na província de Bulacan, situada ao norte de Manila, que acabou com 32 mortos e 107 detenções entre meia-noite de segunda-feira e terça-feira.

"Matemos outros 32 todos os dias e talvez assim possamos reduzir o que aflige este país", disse o presidente de 72 anos, que ganhou as eleições presidenciais de 2016 com a promessa de acabar com os problemas das drogas na Filipinas em seis meses.

Duterte, conhecido na arena internacional por sua falta de diplomacia e pelos insultos com os quais reforça seus comentários, também ameaçou os defensores dos direitos humanos que interfiram na tarefa policial.

"Se obstruírem a justiça, atirem neles também", ordenou Duterte, em um de seus habituais rompantes, condenado hoje pela organização Human Rights Watch (HRW).

A HRW lembrou que não é a primeira vez que Duterte lhes ameaça, pois já fez em dezembro do ano passado e em julho deste ano, e exigiu do chefe de Governo filipino que se retrate das suas últimas palavras.

"As ameaças do presidente Duterte contra os ativistas dos direitos humanos equivalem a pintar um alvo nas costas da valente gente que trabalha para proteger os direitos e a dignidade de todos os filipinos", declarou o subdiretor para a Ásia da HRW, Phelim Kine, em comunicado.

"Duterte fica avisado que estas ameaças de morte contra os defensores dos direitos humanos podem representar o processamento por crimes contra a humanidade", acrescentou Kine.

O diretor para o Sudeste Asiático da Anistia Internacional (AI), James Gómez, disse em outra nota de imprensa que a "guerra antidrogas" nas Filipinas atingiu "novas cotas de barbárie, com a Polícia assassinando rotineiramente os suspeitos, violando o direito fundamental à vida e burlando a justiça".

A campanha de Duterte começou no mesmo dia da sua posse, em 30 de junho de 2016, e já deixou um rastro de mais de 7.000 mortes desde então, das quais 3.451 ocorreram em 68.214 operações policiais, segundo dados oficiais que não incluem as últimas vítimas.

As novas mortes foram atribuídas a grupos de autodenominados "vigilantes".

A campanha também realizou 96.703 detenções e fez com que 1.308.078 pessoas se entregassem voluntariamente às autoridades.

O porta-voz da Presidência, Ernesto Abella, prometeu hoje em uma coletiva de imprensa em Manila que haverá uma investigação imparcial sobre a operação policial em Bulacan.

Apesar disso, Abella insistiu na versão oficial de que as 32 mortes aconteceram porque os suspeitos resistiram à detenção.

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