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Cameron: Reino Unido está na "hora da verdade" ante a crise

"Colocaremos o Reino Unido novamente em um caminho ascendente", disse sob aplausos dos militantes conservadores

O primeiro-ministro David Cameron: o discurso agradou os militantes, que esperavam uma boa atuação de Cameron para impulsionar o partido (©AFP / Leon Neal)

O primeiro-ministro David Cameron: o discurso agradou os militantes, que esperavam uma boa atuação de Cameron para impulsionar o partido (©AFP / Leon Neal)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2012 às 16h48.

Birmingham - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, alertou nesta quarta-feira que o Reino Unido se encontra na "hora da verdade" e deve tomar decisões dolorosas que determinarão se o país afundará ou sairá da atual crise econômica.

O líder conservador fez um discurso crucial na reunião de seu partido em Birmingham (centro de Inglaterra) para explicar aos britânicos que tempos de mais austeridade estão chegando, para estimular a economia e reduzir um enorme déficit.

Cameron que, na metade de seu mandato, está atrás da oposição nas pesquisas de intenção de voto, tentou tranquilizar os conservadores sobre sua determinação e responder, ao mesmo tempo, às críticas dos trabalhadores sobre sua insensibilidade.

"Colocaremos o Reino Unido novamente em um caminho ascendente", disse sob aplausos dos militantes conservadores. "Construamos uma nação de aspirações", acrescentou.

A intervenção de Cameron era considerada decisiva para sua liderança, em um momento no qual seu partido está dividido sobre questões internas e de relações internacionais e no qual sua popularidade está caindo.

Cameron também tem que enfrentar o progresso do líder trabalhista Ed Miliband que, em sua própria coletiva na semana passada, tentou se apoderar do tradicional lema dos conservadores, de que são o partido de "uma nação".

O primeiro-ministro alertou sobriamente sobre os desafios que a sétima economia do mundo enfrenta.

"A menos que atuemos, a menos que tomemos decisões difíceis e dolorosas, a menos que mostremos determinação e imaginação, o Reino Unido pode não ser no futuro o que foi no passado", disse.

"Porque a verdade é essa. Hoje estamos em uma corrida global e isso significa que é hora da verdade para países como o nosso. Afundar ou nadar, atuar ou decair", declarou Cameron, acompanhado por sua esposa Samantha.


Para o primeiro-ministro, o Reino Unido ainda pode "vencer no duro mundo atual" se seguir o exemplo da China e de outros países emergentes como Índia e Brasil e adotar uma economia menos "pesada e rígida".

Cameron confirmou que haveria cortes no sistema de bem-estar, alegando que a recuperação será baseada em "trabalho duro, famílias fortes, em assumir responsabilidades e servir aos demais".

Ele rejeitou, contudo, as acusações de uma inclinação à direita do partido anteriormente liderado pela Dama de Ferro, Margaret Thatcher, e apresentou um "conservadorismo compassivo".

O líder 'Tory' incluiu uma nota pessoal e se emocionou ao falar de seu filho deficiente Ivan, morto em 2009 com apenas seis anos de idade.

Ele também mencionou seu pai, Ian, que morreu poucos meses antes de sua chegada a Downing Street em 2010, um corretor da bolsa bem sucedido e líder comunitário que possuía uma deficiência nas pernas.

"Trabalhe duro. A família primeiro. Devolva à comunidade", disse.

O discurso agradou os militantes, que esperavam uma boa atuação de Cameron para impulsionar o partido visando às eleições de 2015.

"Foi inspirador", disse Rod Laight, um conselheiro de Bromsgrove, próximo a Birmingham. "Para chegar às pessoas que estão passando limitações é uma mensagem fantástica", acrescentou.

Cameron falou diante do partido dois dias depois de seu ministro de Finanças, George Osborne, anunciar novos cortes nos subsídios sociais em 10 bilhões de libras (16 bilhões de dólares) para 2016/17.

O líder responsabilizou a crise da dívida na zona do euro por parte dos males da economia britânica, mas fez poucas menções à Europa, exceto para lembrar que, no ano passado, vetou o pacto fiscal europeu.

Dirigindo-se à ala mais antieuropeia de seu partido, defendeu, entretanto, um referendo sobre as relações entre o Reino Unido e o bloco dos 27.

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