O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron: "eu não continuaria como primeiro-ministro a menos que tivesse garantia absoluta de que esse referendo vai acontecer no formato sim ou não" (Jason Alden/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2014 às 14h00.
Londres - O primeiro-ministro britânico, David Cameron, disse que iria renunciar se não for capaz de realizar um referendo sobre a permanência da Grã-Bretanha na União Europeia até 2017, numa ameaça que vai complicar as negociações de coalizão que devem se seguir à eleição do ano que vem.
Os comentários de Cameron, feitos na segunda-feira durante uma teleconferência com apoiadores de seu partido, tem o objetivo de dispersar dúvidas entre os eleitores de que o Partido Conservador está comprometido a renegociar os laços britânicos com a UE e posteriormente submeter a reforma das relações a um referendo.
O discurso ocorre também no momento em que o Partido Independência ameaça os Conservadores de Cameron de sofrer sérias perdas nas iminentes eleições para o Parlamento Europeu.
A ameaça confirma que o futuro da Grã-Bretanha na Europa vai ser um ponto-chave em qualquer negociação para formação de um governo caso as eleições de maio não resultem em um vencedor claro. O atual parceiro de coalizão britânico, o partido Liberal Democrata, pró-Europa, é um firme opositor ao plano de Cameron para um referendo.
"Isso não é algo que eu barganharia ou desistiria", disse Cameron durante a ligação, de acordo com relatos da mídia britânica confirmada pelo partido. "Eu não continuaria como primeiro-ministro a menos que tivesse garantia absoluta de que esse referendo vai acontecer no formato sim ou não." Os conservadores estão atrás do Partido Trabalhista em cerca de 4 por cento, de acordo com as últimas pesquisas. Os trabalhistas também pressionam por uma reforma da UE, mas disseram que somente apoiariam um referendo caso houvesse uma grande transferência de poder entre a Grã-Bretanha e a UE - algo que não preveem para antes de 2020.