David Cameron: ele admitiu que errou na forma como abordou seus assuntos financeiros (Jonathan Ernst / Reuters)
Da Redação
Publicado em 9 de abril de 2016 às 11h38.
Londres - O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, confirmou neste sábado que divulgará sua declaração de imposto de renda, após admitir que teve ações em um fundo de investimento em um paraíso fiscal, o que gerou críticas da oposição trabalhista.
Em encontro com ativistas conservadores em Londres, Cameron admitiu hoje erros na forma como abordou seus assuntos financeiros por causa das revelações contidas nos Panama Papers, nos quais aparecia um fundo de investimento criado por seu pai, Ian.
"Esta não foi uma grande semana", disse o primeiro-ministro, depois de admitir em entrevista na quinta-feira que se beneficiou de um fundo de investimento de seu pai antes de chegar ao poder.
Cameron deixou claro que se responsabiliza integralmente por esta controvérsia e que divulgará seu imposto de renda.
"Sei que há lições a aprender (com a polêmica) e aprenderei. Não culpem o número 10 de Downing Street (sua residência oficial) ou assessores sem nome, culpem a mim. Estava irritado porque as pessoas estavam falando de meu pai, sinto saudades dele todos os dias. Foi um pai maravilhoso e estou muito orgulhoso por tudo o que ele fez. Mas não devo deixar que isso escureça a situação", afirmou.
O político britânico acrescentou que divulgará seu imposto de renda de anos anteriores porque quer ser "transparente" sobre esta situação.
"Serei o primeiro chefe de governo, o primeiro líder de um grande partido político a fazer isso e acredito que é necessário", comentou.
Cameron admitiu na quinta-feira ter possuído ações em um fundo de investimento criado por seu pai em um paraíso fiscal, apesar de dias antes ter insistido que este era um assunto privado e que não estava em posse de títulos desse tipo.
Em entrevista à emissora "ITV", Cameron explicou que teve em seu poder ações no valor de mais de 30 mil libras em um fundo de investimento de seu pai nas Bahamas, mas que todas as transações eram descontadas com impostos do Reino Unido.
Cameron, cujo pai faleceu em 2010, reconheceu que foi titular junto com sua esposa, Samantha, de 5 mil títulos da Blairmore Investment Trust, registrada nas Bahamas, entre 1997 e janeiro de 2010, quatro meses antes de tomar posse como primeiro-ministro.
Segundo seu porta-voz, o primeiro-ministro e sua esposa adquiriram ações por 12.497 libras e as venderam por 31.500 libras.
De acordo com a imprensa, os documentos do escritório panamenho Mossack Fonseca indicam que a Blairmore Holdings, que recebeu seu nome do sítio familiar dos Cameron em Aberdeenshire, na Escócia, administrou dezenas de milhões de libras em investimentos de famílias ricas.
A oposição trabalhista pediu ao primeiro-ministro que faça na próxima segunda-feira uma declaração no parlamento para explicar seus negócios antigos em um paraíso fiscal. EFE