O presidente russo, Vladimir Putin: Cameron apoiou a proposta conjunta de Rússia e Estados Unidos de realizar no final deste mês uma conferência internacional sobre a Síria. (Alexey Nikolsky/AFP)
Da Redação
Publicado em 10 de maio de 2013 às 16h47.
Moscou - Rússia e Reino Unido seguem sem concordar na tática que levará a paz à Síria, como ficou claro nesta sexta-feira na reunião dos seus líderes na cidade russa de Sochi, aproveitada pelo primeiro-ministro britânico, David Cameron, para insistir que a solução do conflito sírio passa por um Governo de transição.
Depois de se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, Cameron constatou que as posturas dos dois países sobre a Síria diferem, mas ressaltou que Moscou e Londres compartilham o objetivo de interromper o derramamento de sangue no país árabe.
'Não é segredo que nossas posturas sobre esse tema diferem, mas compartilhamos o mesmo objetivo: pôr fim ao conflito, dar ao povo sírio a possibilidade de escolher o seu Governo e frear o crescimento e a expansão do terrorismo', disse Cameron na entrevista coletiva após a reunião.
Putin destacou, por sua vez, 'o interesse comum no fim da violência, o começo de um processo de paz e a preservação da Síria como um Estado soberano, territorialmente indissolúvel'.
Cameron apoiou a proposta conjunta de Rússia e Estados Unidos de realizar no final deste mês uma conferência internacional sobre a Síria, à qual serão convidados tanto membros do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, como da oposição armada, mas insistiu que o encontro deve levar a um Governo de transição.
'Devemos não só sentar o regime sírio e a oposição à mesa de negociações, mas também colaborar na criação e consolidação de um Governo de transição na Síria', reiterou o primeiro-ministro do Reino Unido, que se reuniu com Putin três dias depois da visita a Moscou do secretário de Estado americano, John Kerry.
Embora os argumentos de Moscou e Londres concordem em alguns pontos, pelo menos quando falam da necessidade de criar um Governo de transição na Síria, suas demais declarações apontam diferenças quase insolúveis.
Enquanto Kerry e seu colega russo, Sergei Lavrov, propunham em Moscou a realização de uma conferência internacional sobre o país árabe, Cameron reiterava em Londres o seu firme apoio à oposição síria.
'Continuaremos apoiando a oposição e fazendo pressão por uma solução política', sublinhava o chefe do Governo do Reino Unido perante os deputados da Câmara dos Comuns após mencionar a possível existência de novas 'provas' do uso de armas químicas por parte do regime de Damasco.
O Kremlin, por sua vez, prestou um apoio mais ou menos velado mas constante a Damasco desde o início do conflito armado, com o argumento de que grande parte dos sírios está ao lado de Assad e que a oposição armada inclui terroristas islamitas em suas fileiras.
Mais de 70 mil pessoas já morreram na Síria desde o início de 2011, quando começou a rebelião contra o regime de Assad, segundo dados da ONU.