O premier britânico, David Cameron: o primeiro-ministro argumentou que há uma justificativa legal para ampliar os bombardeios britânicos (Ben Stansall/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2015 às 12h37.
Londres - O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, apelou à segurança nacional para pedir aos deputados britânicos que autorizem bombardeios do país contra o Estado Islâmico (EI) na Síria, com objetivo de "atingir o coração" da organização jihadista.
Cameron revelou hoje uma ampla estratégia, política e militar, para combater a ameaça do Estado Islâmico (EI) após os atentados de Paris, e afirmou que o plano é "possível", apesar de requerer "paciência e perseverança".
"Se não for agora, quando será?", perguntou Cameron aos deputados na Câmera dos Comuns, após enviar ao Comitê das Relações Exteriores do parlamento o plano de 36 páginas elaborado para derrubar o grupo terrorista e trabalhar para apoiar uma transição política na Síria que ponha um fim com a violência civil.
Em seu extenso pronunciamento, o primeiro-ministro argumentou que há uma justificativa legal para ampliar os bombardeios britânicos contra o EI do Iraque à Síria, por razões de segurança e pelo voto do Conselho de Segurança da ONU na semana passada, que aprovou que seus membros combatam os jihadistas.
Cameron reconheceu que os ataques aéreos não destruirão o EI, mas garantiu que ajudarão a diminuir a estrutura logística do grupo e serão parte vital da estratégia contra os radicais.
O líder conservador procura convencer os deputados para que apoiem os bombardeios na Síria, embora tenha afirmado que só pedirá que a extensão da operação seja votada se tiver certeza da vitória, porque considera que uma derrota será um "golpe de publicidade" para os seguidores do EI.
"A assessoria militar, a recomendação diplomática e de segurança dizem que os riscos de uma falta de ação são maiores", explicou Cameron, cujos argumentos foram recebidos com cautela pelo Partido Trabalhista, maior grupo de oposição.
O líder trabalhista, Jeremy Corbyn, mais partidário de uma solução política na Síria, perguntou a Cameron, considerando as conhecidas consequências das intervenções em países como o Iraque e a Líbia, se os bombardeios na Síria podem ter o mesmo resultado.
Corbyn também questionou se uma ofensiva aérea não pode aumentar a ameaça e estender a campanha terrorista.
Em seu pronunciamento na Câmera dos Comuns, o primeiro-ministro negou que o Reino Unido possa ser vítima de atentados similares aos de Paris se se unir à coalizão internacional que bombardeia a Síria porque, explicou, a ameaça contra o país já é por si "muito alta".
Nos últimos 12 meses, disse Cameron, as forças de segurança britânicas impediram pelo menos sete atentados terroristas, vinculados diretamente ao EI ou seus simpatizantes.
"Uma coisa é clara. A ameaça contra nossos interesses e nossa gente é tal que não nos podemos permitir ficarmos de lado e não atuar. A única maneira de lidar com esta realidade é encarando agora a ameaça que enfrentamos", reiterou Cameron.
No entanto, o primeiro-ministro avaliou que a luta contra os jihadistas do EI só será encerrada quando houver um novo governo sírio, sem a presença do atual presidente, Bashar al Assad, que seja representativo de toda a população do país.
"A razão para atuar é a ameaça muito direta que o EI representa / para nosso país e nossa forma de vida. Eles já mataram reféns britânicos, o pior ataque terrorista contra os britânicos desde o 7-7 (os ataques de Londres de 7 de julho de 2005)", acrescentou o primeiro-ministro, em referência ao atentado contra um hotel da cidade de Sousse, na Tunísia.
"Não tenho dúvida que é de interesse nacional detê-los. E detê-los significa tomar medidas na Síria porque é em Al Raqqa onde (o EI) tem sua sede", insistiu.
Cameron, que nesta semana se reuniu com o presidente da França, François Hollande, argumenta que a série de atentados perpetrados no último dia 13 em Paris, nos quais pelo menos 130 pessoas morreram, torna necessário acelerar a decisão sobre os bombardeios.