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Câmbio na Argentina: entenda as mudanças e como fica a moeda no país

Governo de Javier Milei adotou câmbio flutuante no país nesta semana

Javier Milei, presidente da Argentina (Tomas Cuesta/AFP)

Javier Milei, presidente da Argentina (Tomas Cuesta/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 16 de abril de 2025 às 15h49.

A Argentina teve uma mudança cambial importante na segunda-feira, 14. O presidente Javier Milei fez mudanças no chamado 'cepo' cambial e liberou a cotação do peso, antes fixada pelo governo.

Agora, a moeda pode flutuar na faixa entre 1.000 e 1.400 pesos por dólar. A medida deu ânimo ao mercado, por sinalizar que a Argentina avançou em direção a ter uma economia mais normalizada. Veja a seguir mais perguntas e respostas sobre a mudança.

O que mudou no câmbio argentino?

Antes, a taxa oficial de câmbio era fixada pelo governo. Agora, há um câmbio flutuante limitado: o valor do peso pode variar livremente entre 1.000 e 1.400 pesos, de acordo com a oferta e demanda no mercado.

Essa faixa será ampliada em 1% ao mês, para cima e para baixo.

Se a cotação ultrapassar esses limites, o BC argentino vai agir para trazer o valor de volta à faixa prevista, comprando ou vendendo dólares.

O que é cepo?

Originalmente, cepo, em espanhol, é o nome de um instrumento usado para manter animais presos. A palavra virou um apelido para o conjunto de medidas de controle à compra de dólares na Argentina, adotada a partir da década passada e mantida por vários governos.

Como essas mudanças impactam o mercado?

A liberação da cotação deverá reduzir o tamanho do mercado de dólar paralelo, onde a moeda era vendida acima da cotação oficial.

A mudança também sinaliza uma maior estabilidade da economia argentina, o que favorece a vinda de mais investimentos.

O dólar fica mais caro ou mais barato com a mudança cambial na Argentina?

Após a mudança, houve uma desvalorização do peso de cerca de 11%, algo que já era esperado. Alguns analistas apontam que o peso pode estar valorizado de forma excessiva, mas o cenário é bastante incerto.

O real brasileiro é afetado com o câmbio argentino?

O impacto é limitado. A Argentina hoje é o terceiro maior parceiro comercial do Brasl, mas tem peso reduzido na comparação com China e Estados Unidos, os dois principais. Em março, a corrente de comércio do Brasil com China e EUA superou US$ 20 bilhões, enquanto as trocas com a Argentina foram de US$ 2,59 bilhões.

Assim, os movimentos do dólar em relação ao real são mais afetados pelas percepções do próprio mercado brasileiro, do mercado dos EUA e dos impactos globais sobre o dólar.

O que os turistas podem esperar ao viajar com essas mudanças?

A medida mais prática é que ficará mais fácil trocar reais ou dólares por pesos, já que o mercado irregular tende a diminuir.

Sobre mudanças no poder de compra, o cenário é incerto. Após a mudança, o real teve ligeira valorização frente ao peso. No entanto, analistas estimam que a mudança poderá gerar um repique na inflação nos próximos meses, de tamanho moderado. Se tudo der certo, a inflação voltaria a cair no médio prazo, daqui a alguns meses, o que poderia ajudar os turistas brasileiros a poder comprar mais.

Essas mudanças são negativas ou positivas para a Argentina?

A mudança sinaliza uma maior estabilidade da economia argentina, o que ajudará a baixar a inflação, atrair mais investimentos e, a médio prazo, pode ajudar a Argentina a retomar o crescimento.

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