Dominique Strauss-Kahn, diretor do FMI: moça assediada é muçulmana (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2011 às 18h56.
Nova York - A camareira que diz ter sido sexualmente agredida por um dos homens mais poderosos do mundo em um quarto de hotel de Manhattan é descrita por vizinhos e por seu advogado como uma imigrante simples, que teme por seu futuro.
"Para ela, o mundo virou de cabeça para baixo", disse à CNN o advogado Jeff Shapiro, que falou à emissora depois que sua cliente foi supostamente agredida no sábado pelo diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, no sofisticado hotel Sofitel, em Manhattan.
"Ela é uma pessoa trabalhadora, uma mãe solteira que sustenta uma jovem de 15 anos. Elas vivem juntas e ela estava feliz por ter um emprego, com o qual era capaz de garantir abrigo e comida para ambas", disse Shapiro.
"Desde que isto aconteceu, ela não tem conseguido ir para casa. Ela não consegue voltar ao trabalho e não tem ideia de como será seu futuro", afirmou, acrescentando: "além do que aconteceu no quarto de hotel, o trauma que tomou conta de sua vida é extraordinário", acrescentou.
Strauss-Kahn, chefe do FMI e uma expoente figura política francesa, apontado como um favorito às eleições presidenciais de seu país, em 2012, foi acusado nas primeiras horas da manhã de domingo de agressão sexual e tentativa de estupro.
Ele negou todas as acusações.
A suposta vítima é descrita por pessoas próximas como uma trabalhadora, uma mãe simples, residente no Bronx.
Funcionário de um café no Harlem, um homem que se identificou como o suposto irmão da vítima disse que a irmã, a quem descreveu como uma "boa muçulmana", chora inconsolavelmente.
"Ela não para de chorar. Eu disse a ela, 'não se magoe'. Eu queria arrumar um advogado para ela. Nunca a vi assim antes. Ela está totalmente arrasada", afirmou.
O irmão disse ainda que a mulher de 32 anos tem uma filha e que trabalhava há três anos no Sofitel, parte de uma cadeia franco-suíça, na concorrida área de Times Square.
Mas, segundo ele, a mulher não percebeu de imediato quem era seu agressor.
"Na hora, ela não sabia quem era Dominique Strauss-Kahn. Fui eu quem expliquei a ela", contou.
O homem, a quem a AFP não identificou para proteger a identidade da suposta vítima, disse confiar no sistema judiciário americano. Mas sua irmã, afirmou, está "assustada".
A identidade do irmão e suas declarações não puderam ser verificadas de forma independente.
O que é certo neste caso é que as vidas de duas pessoas foram totalmente viradas do avesso.
Ao invés de voar para um compromisso agendado com a chanceler alemã, Angela Merkel, e provavelmente participar de atos de campanha como o favorito antecipado para as eleições presidenciais francesas, Strauss-Kahn está preso em um dos presídios mais duros de Nova York.
E ao contrário de continuar com sua antes vida comum e anônima, a camareira se encontra no centro de um caso que pode levar a um dos julgamentos de mais elevado perfil em anos.
No empobrecido distrito residencial do Bronx, onde mora a suposta vítima, seus vizinhos a descrevem como uma mulher quieta e fechada.
"Eu a conheço desde que ela se mudou para cá, seis meses (atrás). Ela é boa, uma boa moça, trabalhadora. Eu a via quase todo dia quando ia para o trabalho. São uma boa família, ela e sua filha. Elas vivem juntas", contou o zelador do prédio à AFP.
"Elas não são reservadas em suas vidas. Vivem como pessoas normais e não conhecem ninguém. Você chega, não conhece ninguém, não pode confiar nas pessoas assim que você chega", explicou.
Amanda, uma vizinha, disse que a mulher "é calada. Eu nunca ouvi nada, nem mesmo a TV ou coisa assim.... São muito quietas, fechadas".