Câmara dos EUA aprovou um projeto de lei que exige que se comprovem os antecedentes penais do comprador em toda venda de armas (Mongkol Nitirojsakul/Getty Images)
EFE
Publicado em 28 de fevereiro de 2019 às 08h59.
Última atualização em 28 de fevereiro de 2019 às 09h00.
Washington - A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira um projeto de lei que exige que se comprovem os antecedentes penais do comprador em toda venda de armas, o que a transforma na iniciativa legislativa mais importante das últimas duas décadas neste âmbito.
A lei bipartidária de revisão de antecedentes foi aprovada com uma votação de 240 votos a favor - 232 provenientes da maioria democrata na Câmara - e 190 contra.
O projeto deverá passar agora a consideração do Senado, de maioria republicana, onde é provável que naufrague por falta de apoio.
Mesmo que receba o aval também dessa Casa, a proposta deveria ser assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o que os analistas consideram pouco provável.
Segundo o jornal "The Hill", a nova legislação amplia o requisito de comprovação federal de antecedentes penais às vendas entre particulares, incluindo as transações em feiras de armamento, através da internet ou por anúncios nos classificados.
Sob a lei atual, apenas os vendedores de armas com licença estão obrigados a realizar verificações de antecedentes de seus clientes.
Sobre o projeto, o congressista democrata John Sarbanes destacou em comunicado que "pela primeira vez em muito tempo, o Congresso deu um passo significativo para a melhoria da segurança das armas nos Estados Unidos".
Para Sarbanes, a minuta de lei mostra ao público que é possível tomar medidas sérias e bipartidárias para "reduzir a epidemia da violência com armas".
Já a congressista Madeleine Dean destacou na sua conta do Twitter antes da votação que a Câmara dos Representantes faria história, e indicou que votariam pelas pessoas e que continuarão trabalhando pelo fim da violência com armas.
Também no Twitter, o congressista republicano Matt Gaetz qualificou como "repugnante" e carente de bom senso a legislação "democrata", que segundo ele vai contra a Segunda Emenda da Constituição.
Por sua parte, o Instituto por uma Ação Legislativa (ILA), que se descreve como um grupo de lobby da Associação Nacional do Rifle (NRA) em seu site, criticou a iniciativa e acusou as políticas antiarmas de estarem mais interessadas em anotar "pontos políticos baratos" que em fazer seu trabalho.
Em uma declaração, o diretor-executivo de NRA-ILA, Chris Cox, assegurou que este projeto de lei "tornará mais difícil que as pessoas de bem defendam a si mesmas e suas famílias", enquanto os criminosos "continuarão obtendo as suas armas de fogo da maneira que sempre fizeram - através do mercado negro".
A expectativa é que um segundo projeto de lei que estenderia de três a dez dias úteis o prazo que se deverá esperar para a verificação federal de antecedentes seja abordado nesta quinta-feira, segundo meios de comunicação locais.
Um estudo do Pew Center que data de 2017 afirma que o número de armas em nos EUA se situa entre 270 milhões e 310 milhões, o que o transforma no país com mais armas de fogo per capita, já que quatro de cada dez cidadãos reconhece ter uma arma de fogo ou viver em uma casa com armamento.