Repórter
Publicado em 17 de novembro de 2025 às 18h23.
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos deve votar, nesta terça-feira, 18, uma medida que obriga a divulgação de arquivos relacionados às investigações sobre Jeffrey Epstein, financista morto em 2019 e acusado de crime sexual.
A iniciativa ganhou tração após o presidente Donald Trump, que antes se opunha à proposta, mudar sua posição neste domingo, 16 de novembro. A declaração do republicano ocorreu poucos dias após uma petição reunir apoio suficiente para obrigar a votação em plenário, demonstrando um raro caso de dissidência dentro da bancada republicana, que detém maioria na Câmara.
Até então, Trump e aliados atuavam nos bastidores para bloquear a liberação dos documentos ligados às investigações do Departamento de Justiça dos EUA, que envolvem figuras públicas próximas ao financista nova-iorquino, informou a agência Reuters.
"Os republicanos da Câmara devem votar pela divulgação dos arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder", afirmou Trump na rede social Truth Social. "É hora de superar essa farsa democrata perpetrada por lunáticos da esquerda radical", escreveu.
Caso o texto seja aprovado na Câmara, a proposta seguirá para o Senado, onde precisará de nova votação antes de ser enviada à sanção presidencial. Até o momento, o líder da maioria republicana no Senado, John Thune, não se manifestou.
Jeffrey Epstein foi condenado por crimes de abuso e tráfico de menores nos anos 2000 e voltou a ser detido, em 2019, por autoridades federais sob novas acusações. Ele morreu em uma cela em Manhattan, em um caso oficialmente classificado como suicídio, semanas após a prisão. Os documentos sob sigilo fazem parte de investigações criminais federais que não foram completamente divulgadas ao público.
A atuação de Trump no caso gerou críticas de membros do Partido Democrata e de parte de seus próprios apoiadores. Documentos obtidos por comitês da Câmara indicam que Epstein acreditava que Trump "sabia sobre as meninas", sem detalhar o contexto da afirmação. A Casa Branca afirmou que os registros não apresentam provas contra o presidente.
Na semana passada, Trump ordenou ao Departamento de Justiça que apurasse conexões entre Epstein e lideranças democratas, em movimento considerado incomum pela tradição de independência da instituição. A procuradora-geral Pam Bondi, que já havia revisado os arquivos sem identificar novas pistas, declarou que atenderia à ordem presidencial.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou que a votação pode encerrar especulações sobre possíveis vínculos entre Trump e os crimes de Epstein. Por outro lado, parlamentares como Robert Garcia, democrata da Califórnia e membro do Comitê de Supervisão, acusam o presidente de tentar minar as investigações. "Ele falhou", disse Garcia, prevendo derrota de Trump na votação.
A desconfiança sobre possível acobertamento de nomes ligados a Epstein é alimentada por apoiadores do presidente, que afirmam que documentos estariam sendo retidos para proteger figuras públicas. O deputado Ro Khanna, também um democrata da Califórnia, disse esperar apoio de pelo menos 40 republicanos à proposta. Hoje, os republicanos controlam 219 assentos da Câmara, contra 214 dos democratas.