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Caixões biodegradáveis viram solução na China

Pequim - Mãos com luvas imaculadas levam as urnas biodegradáveis, criadas por uma empresa espanhola com base na China, que devolverão os corpos à sua origem para cumprir o que disse o sábio chinês Confúcio: "O homem vem da terra e descansa quando retorna à terra". Com passo decidido, coordenado, olhar e gesto respeitoso, 13 […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

Pequim - Mãos com luvas imaculadas levam as urnas biodegradáveis, criadas por uma empresa espanhola com base na China, que devolverão os corpos à sua origem para cumprir o que disse o sábio chinês Confúcio: "O homem vem da terra e descansa quando retorna à terra".

Com passo decidido, coordenado, olhar e gesto respeitoso, 13 duplas de operários fúnebres enterraram com suas próprias mãos em um cemitério da província nortista de Tianjin 251 urnas ovais e fizeram submergir em água outras 30 com forma de flor de lótus.

O segredo destes caixões, fabricados com areia e proteínas naturais, é que não ocupam espaço, não poluem e não é necessário cortar árvores para fabricá-los, já que são biodegradáveis: os que são enterrados se desintegram em um período de seis a nove meses, e os que submergem em 45 minutos ou uma hora.

A cerimônia em massa, ou "enterro coletivo", nome dado pelos criadores desta ideia, os espanhóis Xavier Miquel e Tutti de Cominges, organizada na última terça-feira em Tiajin, é a quarta realizada pelo cemitério Yongan desde que contratou os serviços da empresa Shengtai.

Miquel, o presidente da Shengtai, e Tutti, diretora geral para a Ásia, vendem urnas biodegradáveis há três anos na China, onde está proibido enterrar corpos inteiros desde 1991.

Assim, o Governo chinês obriga os familiares a cremá-los, assumindo os custos do processo, para depois deixá-los descansar em columbários (câmaras para depósito de cinzas) por 20 anos ou enterrar por cerca dez mil iuanes (US$ 1.475).

A proibição nasce como medida para combater os problemas que surgem no país asiático, com 10 milhões de mortes anuais: a falta de espaço nos cemitérios e a poluição e o desmatamento provocados pela produção de caixões de madeira.


O conceito que a Shengtai quer expandir na China é totalmente revolucionário, já que os chineses, como assinalou Tutti à agência Efe, se espantam com o conceito biodegradável, pois a tradição é venerar os corpos de pessoas mortas, e se eles se misturarem com a terra ou a água, deixarão de existir fisicamente.

Os familiares conservam as cinzas em urnas, pois não têm dinheiro para enterrá-los ou, no caso do falecimento do membro de um casal, por exemplo, o que fica vivo espera a morte para que sejam enterrados juntos.

O marido de Xhu Xian, de 76 anos, que faleceu no último dia 8, descansava nesta terça em uma urna biodegradável, pois, segundo explicou à EFE, foi ele quem pediu.

"Quando estava doente, vimos na televisão um anúncio destas urnas, e ele disse que queria ser enterrado assim", lembrou Xian, que afirma que parece uma "boa ideia" para economizar espaço.

As 281 cinzas desta terça procediam de diferentes urnas da localidade de Peicheng, cujos proprietários se decidiram a enterrar os restos de seus familiares, aproveitando que o cemitério de Yongan oferecia de graça a cerimônia e as urnas biodegradáveis como promoção.

"Mas no futuro será cobrado", disse Tutti, acrescentando: "os cemitérios com os quais trabalhamos promovem esta ideia convencendo o cliente que quem contratar este serviço será um bom cidadão, pois ajudará a combater os problemas de falta de espaço, poluição e desmatamento".

A Shengtai já trabalha em 15 províncias chinesas graças ao respaldo oferecido pelas autoridades locais, que estão entre as principais beneficiárias do projeto.

A ideia da Shengtai, com fábrica na localidade de Yixing, uma cidade da província de Jiangsu (leste), surgiu há 13 anos, e desde 2008 a empresa trabalha na China, com uma venda de dez mil urnas neste período, e também na Europa, com um mínimo de 25 mil unidades por ano.

Os cemitérios e empresas funerárias dos Estados Unidos também são um público alvo, onde começaram a operar este ano com uma venda mínima de 20 mil unidades.

O preço oscila entre 200 e 500 iuanes (US$ 29 e US$ 74) e há cemitérios como o de Nanjing, também cidade de Jiangsu, o primeiro que contratou os serviços de Shangti, que oferecem por 999 iuanes (US$ 148) a urna e a cerimônia de enterro.

As famílias das pessoas que são enterradas segundo esse processo poderiam pensar que nunca mais poderão homenagear seus entes queridos, mas não será assim.

A tradição chinesa se modernizará, e poderá seguir havendo homenagens através das telas e muros de mensagens personalizados e fotos, entre outras ideias, que os cemitérios de Tianjin e Nanjing vão inaugurar para honrar os que retornaram definitivamente às suas origens.

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