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Café mais caro do mundo guarda traços de crueldade animal

Produção do Kopi Luwak, bebida feita a partir das fezes de um mamífero chamado civeta, tem forçado os animais a uma situação debilitante, revela reportagem do The Guardian


	Os grãos de café são extraídos das fezes do civeta e higienizados, conferindo um sabor suave e caramilizado, segundo seus apreciadores
 (Creative Commons/ Flickr.com/photos/dboy)

Os grãos de café são extraídos das fezes do civeta e higienizados, conferindo um sabor suave e caramilizado, segundo seus apreciadores (Creative Commons/ Flickr.com/photos/dboy)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 19 de novembro de 2012 às 17h23.

São Paulo - Quanto vale um café produzido a partir de fezes e doses de crueldade animal? A pergunta, que parece de mau gosto, tem seu por quê. Segundo uma reportagem publicada pelo jornal britânico The Guardian nesta segunda-feira, o café Kopi Luwak, dono da fama de mais caro do mundo, pode esconder maus-tratos aos animais.

Isso porque a produção da bebida - feita na Indonésia a partir das fezes de um mamífero chamado civeta - tem forçado os animais a uma situação debilitante e que vem sendo denunciada por grupos de proteção aos animais.

De acordo com o jornal, o aumento da procura por esse café raro tem levado os produtores a confinar os civets em jaulas e alimentá-los compulsoriamente a fim de garantir uma produção “em massa” dos grãos gourmet. Os grãos de café são extraídos das fezes do civeta e higienizados, conferindo um sabor suave e caramilizado, segundo seus apreciadores. Nos EUA, o preço do quilo pode passar de mil reais.

Não para aí. Grupos conservacionistas ouvidos pelo jornal disseram que algumas espécies em extinção do animal estão sendo submetidas a esse tratamento, como o binturong, considerado “vulnerável” pela IUCN. "Os civetes são retirados do meio natural e têm de suportar condições horríveis. Eles lutam para ficar juntos, mas são separados e têm de suportar uma dieta muito pobre em gaiolas muito pequenas”, denucia ao jornal Chris Shepherd, da Ong Traffic.

O Guardian visitou uma loja de café na ilha de Sumatra, onde um civet fêmea era mantido em uma jaula apertada na parte de trás das instalações. Sua prole de dois jovens foram separados dela. Outra 20 gaiolas estavam dispostas sobre telhado da loja, longe dos olhos do visitante comum

A preocupação com o bem estar dos animais já soa o alarme entre grandes conhecedores da bebida. Em outubro, o especialista em café Oliver Strand, que escreve para o New York Times, afirmou em uma entrevista à NPR: “O problema é que ele [café] se tornou um bem de luxo tão desejado que os produtores começaram a enjaular os animais e alimentá-los com grãos que não estão maduros". E resume: "Há um mercado 'fetichizado' para o café que tem incentivado práticas menos éticas".

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