Prisão Angola, em Louisiana, EUA: Cada cachorro-lobo fica responsável por uma faixa de cerca de 300 metros de comprimento entre as cercas (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de agosto de 2012 às 21h16.
Washington - A prisão estadual da Louisiana, assim como todas as outras dos Estados Unidos, teve que se adaptar aos cortes de orçamento e substituiu parte de seus guardas por cães-lobos na patrulha do perímetro carcerário.
Chamada Angola e popularmente conhecida como ''Alcatraz do Sul'', a penitenciária situada a cerca de 100 quilômetros da capital do estado, Baton Rouge, viu cair seu orçamento de US$ 135 milhões anuais, em 2007, para os US$ 115 milhões deste ano.
A redução no orçamento causou a demissão de 100 dos 1.200 funcionários e deixou 35 das 42 torres de vigilância vazias, além de ter reduzido o policiamento nas áreas em torno dos quatro edifícios do presídio, onde há celas e também outras instalações administrativas.
Para fazer frente aos ajustes, o diretor da prisão, Burl Cain, começou a fazer um experimento em 2005: cruzar um lobo mexicano, apropriadamente chamado de ''Lobo'', com uma cadela para produzir cães capazes de perseguir os possíveis foragidos.
''No entanto, os animais gerados nesta experiência se mostraram imprevisíveis e não costumavam a seguir às ordens de seus treinadores'', disse Cain em entrevista à Agência Efe, na qual explicou que o ''Lobo'' fugiu durante o furacão ''Gustav'' em 2008.
Sua ideia seguinte foi, ao invés de treiná-los, usá-los como guardiães. Desta forma, uma dúzia de cachorros lobo seria responsável por vigiar o espaço entre duas cercas de três metros de altura, situado a três metros de distância do perímetro da prisão.
Cada cachorro-lobo fica responsável por uma faixa de cerca de 300 metros de comprimento entre as cercas, onde os mesmos vivem, são alimentados e possuem uma casinha.
Esses animais são frutos do cruzamento entre lobos e cadelas, com 50% de genes de cada um, ou podem ser derivados de misturas com diferentes porções de genes.
Enquanto os cachorros são animais sociáveis, tanto com outros cachorros como com seres humanos, os lobos são animais que socializam quase que exclusivamente com os membros de sua manada e, por isso, não simpatizam com os humanos.
Por isso que Cain afirma que, dos 5,1 mil detentos do presídio, os que dão mais trabalho são os cachorros-lobo, responsáveis pelo patrulhamento do perímetro entre os alambrados.
Angola é uma das prisões mais duras do país, sendo que 91% de seus reclusos cometeram crimes violentos. Destes, 55% são homicidas e 19% estupradores. No geral, 75% dos presos deste local cumprem sentenças sem possibilidade de antecipação da liberdade, sendo que um grupo de 84 homens e uma mulher estão condenados à morte.
Chief é um desses. Primeiramente, ele foi condenado à morte, mas, após uma revisão de um juiz, sua sentença acabou sendo substituída por prisão perpétua, assim como 52% da população carcerária de Angola. ''A diferença é que Chief é um cachorro lobo'', explicou Cain.
O animal, fruto de um cruzamento entre um lobo da Colúmbia Britânica (Canadá) e um cachorro pastor alemão, foi denunciado pelos residentes de New Roads (Louisiana) como uma ameaça, e o juiz James Best acabou condenando o animal a morte no mês de maio.
No entanto, após receber um telefonema de Cain, o juiz voltou atrás e mudou a pena de Chief para prisão perpétua... em Angola.
Desconsolada, a dona de Chief, Vicky Smith, disse à imprensa que o cachorro-lobo não iria suportar viver longe da família que o criou em uma casa com ar condicionado e cereal no café da manhã.
Porem, Cain assegurou à Agência Efe que Chief está reagindo muito bem. O salário médio de um vigilante de prisão em Angola é de US$ 34 mil por ano. O programa canino, que conta com cerca de 60 cachorros, custa US$ 60 mil anuais.
Esse valor inclui o custo do cruzamento entre lobos e cachorros, a comida, assistência veterinária e outras provisões.