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Cabeças de leão chegam aos EUA em número recorde

Os caçadores de animais grandes estão matando números recorde de leões africanos motivados pela ameaça das autoridades americanas de cercear a atividade

Leão: situação está levando os americanos a pegarem suas armas e viajarem para a África para perseguir o rei da floresta (Michael Palmer/Wikimedia Commons)

Leão: situação está levando os americanos a pegarem suas armas e viajarem para a África para perseguir o rei da floresta (Michael Palmer/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 26 de outubro de 2015 às 18h00.

Os caçadores de animais grandes estão matando números recorde de leões africanos motivados pela ameaça das autoridades americanas de cercear uma das atividades mais exclusivas, caras e controversas do mundo.

O Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos EUA tem até 29 de outubro para tomar uma decisão final a respeito do status do leão africano, animal que o órgão propôs que seja listado como ameaçado na Lei de Espécies em Perigo.

A agência também recomendou a exigência de uma licença especial para a importação de leões como troféus. Esses resultados poderão reduzir o número de leões mortos que entram nos EUA e também aumentar os preços dos safáris, que muitas vezes são de mais de US$ 100.000.

Essa situação está levando os americanos a pegarem suas armas e viajarem para a África para perseguir o rei da floresta. No ano passado, os americanos importaram um recorde de 745 leões africanos como troféus, 70 por cento a mais que em 2011 e mais do que o dobro do total de 2000, segundo dados do Serviço de Pesca e Vida Silveste dos EUA.

“Os caçadores temem nunca terem sua oportunidade de conseguir um leão e os estão caçando enquanto está liberado”, disse Aaron Neilson, corretor de safáris africanos de Colorado cujas façanhas, incluindo caças de leão, são apresentadas em um programa de televisão do canal Sportsman. “O consenso geral entre todos os que vendem caçadas de leões foi ‘cara, faça isso agora’”.

Indignação por Cecil

A caçada de troféus está na mira há anos e os grupos de direitos dos animais buscam acabar com uma prática que avaliam como inútil e brutal. O esporte foi colocado novamente sob os holofotes depois que um dentista de Minnesota, durante uma caçada, atirou e matou Cecil, um adorado leão que vivia no Parque Nacional Hwange, no Zimbábue, dando início a uma onda de protestos nas redes sociais. Em resposta, empresas aéreas como a United Continental Holdings Inc. e a Delta Air Lines Inc. proibiram o transporte de certos troféus de caça africanos.

Em julho, Donald Trump, que está concorrendo à nomeação presidencial pelo Partido Republicano nos EUA, foi forçado a responder por seus filhos depois que a atriz Mia Farrow tuitou uma foto deles posando com um leopardo morto. No mês seguinte, ativistas lançaram uma campanha de boicote à empresa de sanduíches Jimmy Johns LLC, com sede em Champaign, Illinois, nos EUA, depois que circularam fotos na internet de seu fundador, Jimmy John Liautaud, diante de um elefante sem vida.

No ano passado, os EUA proibiram a importação de elefantes troféus do Zimbábue e da Tanzânia após relatos de que o número de animais da espécie estava em declínio. Os eleitores de Washington votarão no mês que vem a respeito de um item apoiado pelo bilionário cofundador da Microsoft Corp. Paul Allen que criminalizaria o tráfico de partes de animais de diversas espécies caçadas, incluindo leopardos e rinocerontes.

Números encolhem

A corrida para a caçada de troféus surge em um momento em que os especialistas em vida silvestre tentam conter um declínio de três décadas da população de leões africanos, que foi dizimada pela perda de habitats naturais, pela caça furtiva e pela urbanização. Restam menos de 20.000 leões selvagens no continente, segundo dados da União Internacional para Conservação da Natureza, uma organização ambiental com sede na Suíça. O número é menor que os 75.000 registrados em 1980.

Os defensores argumentam que cercear a caça legal poderia colocar o leão sob um perigo ainda maior, porque as tarifas geradas são destinadas às iniciativas de prevenção à caça furtiva e a outros trabalhos de conservação e ao mesmo tempo também apoiam as economias locais na África. Essa ideia contraditória é reconhecida pelo Serviço de Pesca e Vida Silvestre dos EUA, que disse que a caça de troféus não é culpada pela diminuição do número de leões.

Ativistas que lutam pelos direitos dos animais dizem que o fim da caça de animais troféus é uma forma segura de interromper o declínio do número de espécimes.

“É um esporte sangrento”, disse Jeffrey Flocken, diretor regional para a América do Norte do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal. “Estamos em 2015. Não precisamos matar os animais para salvá-los”.

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