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Bruxelas teme concentração de migrantes no centro da cidade

O receio de ONGs e autoridades é que o acampamento do parque Maximilien não se transforme em uma nova Calais, que ficava na França antes de ser fechado

Refugiados: em sua maioria são sudaneses e eritreus que esperam poder viajar para o Reino Unido (Nikolay Doychinov/AFP)

Refugiados: em sua maioria são sudaneses e eritreus que esperam poder viajar para o Reino Unido (Nikolay Doychinov/AFP)

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AFP

Publicado em 29 de agosto de 2017 às 12h52.

Centenas de pessoas - em sua maioria sudaneses e eritreus que esperam poder viajar para o Reino Unido - dormem toda noite em um parque de Bruxelas, um fenômeno que se intensificou neste verão europeu, fazendo as autoridades temerem uma concentração em massa de imigrantes.

Há um mês, um coletivo de ONGs alerta sobre o acampamento do parque Maximilien e pede aos políticos que ajam "para que Bruxelas não se transforme em uma nova Calais", a cidade do norte da França que abrigou um enorme acampamento desmantelado no fim de 2016.

Seu pedido de abertura de um centro de acolhida para os migrantes, com uma oferta de cuidados e de orientação jurídica, ficou sem resposta.

O secretário de Estado de Asilo e Migração, Theo Francken, membro da direita nacionalista flamenga, nega-se resolutamente a se ocupar de "ilegais" que "não querem obter o asilo na Bélgica".

No parque, que fica muito perto da estação do Norte, a situação é complexa.

Esses jovens africanos sonham, sobretudo, com a Inglaterra, do mesmo modo que aqueles que viviam na chamada "Selva" de Calais, explicam autoridades e militantes de ONGs consultados pela AFP, em alusão ao local de onde foram retiradas cerca de 7.000 pessoas no ano passado.

Há exceções. Adam, de 25 anos, que abandonou seu Sudão natal em 2016 e passou seis meses "muito difíceis" na Líbia, considera Bruxelas a etapa final de seu périplo.

"Sofro muito. Quero que o governo [belga] me dê sua proteção", diz em inglês, pedindo a destruição de suas impressões digitais tiradas em sua chegada à Itália.

Segundo a Médicos do Mundo (MDM) e a associação Belgium Kitchen, no acampamento vivem entre 500 e 600 migrantes. Muitos estão na mesma situação que Adam. Chegaram à Europa pela costa italiana e se enquadram nos chamados "casos Dublin", uma norma europeia que impõe que o pedido de asilo seja tramitado no primeiro país europeu de entrada.

'Assédio' policial

As autoridades belgas lembram que essa norma significa que os migrantes devem abandonar o território.

Para as ONGs, porém, os frequentes controles policiais no parque são atos de "assédio". A acusação é rejeitada pelo governo, que garante que os agentes apenas informam os migrantes sobre seus direitos.

Diante da passividade do governo, alguns moradores de Bruxelas decidiram ajudar os migrantes, dando-lhes sacos de dormir e comida.

Em uma noite de agosto, em 40 minutos. a Belgium Kitchen distribuiu cerca de 620 pratos de arroz com molho de tomate e verdura aos migrantes distribuídos em pequenos grupos, nesse parque rodeado de edifícios.

No acampamento, cujo número de moradores triplicou entre abril e julho, vê-se latas vazias na grama durante o dia. Ao amanhecer, tudo terá sido limpo para dar ao local uma "aparência de normalidade". E os migrantes voltarão a andar erraticamente, entre eles, alguns muito decididos a seguir rumo ao norte.

Nessa viagem, tentarão evitar outros controles policiais ao longo das estradas, ou no porto de Zeebrugge. Apenas em Flandres Ocidental, a província do litoral, houve uma média de 100 detenções semanais desde o início do ano.

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