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#BringBackOurGirls, grito de união pelas meninas da Nigéria

Para muitas famílias atingidas, sequestro de mais de 200 meninas pelos islamistas do grupo Boko Haram, não gerou a comoção que merecia de imediato


	Manifestantes: hashtag #BringBackOurGirls ("devolvam nossas meninas") foi utilizada mais de 1,7 milhões de vezes
 (AFP/Arquivos)

Manifestantes: hashtag #BringBackOurGirls ("devolvam nossas meninas") foi utilizada mais de 1,7 milhões de vezes (AFP/Arquivos)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 17h59.

A exemplo de Michelle Obama, centenas de milhares de anônimos e celebridades têm inundado as redes sociais com a hashtag #BringBackOurGirls para trazer os holofotes do mundo para o sequestro de 200 meninas na Nigéria.

"Eu estava preocupada com o nosso silêncio diante dessa barbaridade", lembra a nigeriana Hadiza Bala Usman, uma das organizadoras do movimento. Para muitas famílias atingidas, o sequestro de mais de 200 meninas pelos islamistas do grupo Boko Haram, ocorrido em meados de abril no nordeste do país, não gerou a comoção que merecia de imediato.

Hadiza Bala Usman e seis amigos trocam emails diários sobre assunto para tentar encontrar um meio de chamar atenção sobre o caso, diz ela à AFP.

Um "conceito" foi então elaborado coletivamente, e o slogan "bring back our girls" - "devolvam nossas meninas" - surgiu destas trocas. "No início éramos apenas seis pessoas, e cada um foi colocando pouco a pouco novos nomes à lista".

A mensagem chegou até Obiageli Ezekwesili, ex-vice-presidente do Banco Mundial e ex-ministra da Educação da Nigéria. Ela utilizou a expressão durante um discurso feito em 23 de abril na cidade de Port Harcourt. Ibrahim Abdullahi, um advogado nigeriano, teria sido o primeiro a utilizar a hashtag #BringBackOurGirls, citando a ex-ministra.

Desde então, a hashtag foi utilizada mais de 1,7 milhões de vezes, segundo o site de análises do Twitter topsy.com.

"Esta campanha realmente superou minhas expectativas. Nós vivemos um momento em que é preciso que os nigerianos saibam que podem usar as redes sociais. Vocês não podem nos fazer sumir, nós temos uma voz", comemora Hadiza Bala Usman.

Nas redes sociais, a mensagem foi reproduzida por uma enxurrada de celebridades e personalidades políticas de primeiro escalão - do rapper americano Chris Brown à jovem militante paquistanesa Malala Yousufzai, que sobreviveu a uma tentativa de assassinato de um grupo talibã.

"Onda de sentimentalismo"

A movimentação nas redes sociais foi acompanhada da realização de petições e de manifestações - tanto na Nigéria, quanto em outros países.

Nesta quinta-feira foi prevista uma manifestação nas redes sociais, em que as meninas nigerianas serão homenageadas nos perfis dos participantes durante 200 minutos.

A utilidade final do movimento continua sendo manifestar, mas a dimensão tomada pela iniciativa contribuiu de maneira inegável para colocar o sequestro das meninas no primeiro plano das notícias mundiais. Michelle Obama e seu cartaz com os dizeres #BringBackOurGirls eram manchete do jornal New York Post. Do outro lado do Atlântico, a foto da paquistanesa Malala segurando a mesma mensagem ganhou a capa do Times britânico.

"Esta campanha nas redes sociais no mundo inteiro obrigou o governo nigeriano, nosso governo e a mídia internacional a prestarem atenção ao caso", explica à AFP Lori Brown, que ensina sociologia no Meredith College, na Carolina do Norte. "Será muito interessante ver que no que esta mobilização vai dar, se as grandes potências tentarão resolver o problema para atender a um pedido da população".

O sucesso da hashtag se deve também à causa defendida, lembra à AFP Gwendolyn Seidman, professora de psicologia no Albright College, na Pensilvânia. "Se o assunto é polêmico, as pessoas podem ter medo a imagem que teremos delas" ao expor suas opiniões nas redes sociais.

No Twitter, o escritor americano-nigeriano Teju Cole viu no movimento "um momento essencial para a democracia nigeriana". Sem deixar de ironizar a "onda de sentimentalismo" desencadeada.

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