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Brexit sem acordo? A hora da verdade para Londres e Bruxelas

Este domingo pode ser o último dia de negociação entre representantes do Reino Unido e da União Europeia

Reino Unido e União Europeia buscam acordo em meio a divergências (Jack Taylor/Getty Images)

Reino Unido e União Europeia buscam acordo em meio a divergências (Jack Taylor/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de dezembro de 2020 às 09h37.

Última atualização em 13 de dezembro de 2020 às 09h39.

As negociações entre o Reino Unido e a União Europeia (UE) para a relação comercial pós-Brexit foram retomadas neste domingo em Bruxelas, no que pode ser o último dia de conversações em uma corrida contra o tempo.

O negociador britânico David Frost retornou ao edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia, para retomar os contatos.

O governo do Reino Unido informou que o primeiro-ministro Boris Johnson e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, terão uma conversa por telefone nas próximas horas para fazer um balanço.

Na quarta-feira, os dois líderes estabeleceram o domingo como prazo para decidir se valeria a pena continuar negociando ou se, diante da impossibilidade de superar as divergências, jogam a toalha.

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Desde então, várias declarações pessimistas foram feitas sobre as possibilidades de alcançar um tratado de livre comércio para administrar a relação comercial entre as duas margens do Canal da Mancha após o fim do período de transição pós-Brexit, em 31 de dezembro.

"Ainda há um longo período pela frente", repetiu neste domingo o ministro britânico das Relações Exteriores, Dominic Raab, ao canal Sky News.

"Algumas propostas, algumas sugestões que nos fizeram, são bastante extravagantes, francamente, e não se tornam mais razoáveis com a repetição", afirmou.

A chanceler espanhola, Arancha González, pediu às partes que evitem a qualquer custo uma ruptura sem acordo.

"Nas atuais circunstâncias, em plena pandemia de covid-19, seria extremamente negativo para nossas economias", declarou a Sky News, recordando que "o Reino Unido sofreria ainda mais que a União Europeia".

O primeiro-ministro da Irlanda, Micheál Martin, cujo país seria o mais afetado da UE por um Brexit sem acordo, também pediu a continuidade dos esforços.

"Seria um fracasso político se não estivéssemos em condições de conseguir um acordo", declarou à BBC.

Ele destacou que "97%" do tratado comercial foi negociado. "E parece que os 3% restantes não deveriam estar além da capacidade das partes de superar as diferenças", acrescentou.

Johnson e Von der Leyen advertiram nos últimos dias que o fracasso das negociações era mais provável.

Mas o secretário francês para Assuntos Europeus, Clément Beaune, considerou que sempre existe a possibilidade de que Londres e Bruxelas decidam continuar conversando "por mais alguns dias, no máximo".

Anos de negociações

O Reino Unido abandonou oficialmente a UE em 31 de janeiro e a partir de março Londres e Bruxelas começaram a negociar um acordo comercial que deveria entrar em vigor em 1 de janeiro de 2021.

Mas as negociações ficaram bloqueadas em três temas: acesso dos navios pesqueiros europeus a águas britânicas, normas de concorrência para o acesso de empresas britânicas ao mercado europeu e o futuro mecanismo de solução de divergências.

Dos três, a questão sobre as normas de concorrência é a que apresenta os maiores desafios.

Londres informou no sábado que quatro navios da Marinha Real estão preparados para proteger as águas britânicas de potenciais tensões com embarcações europeias, em caso de fracasso das negociações.

A hora da verdade se aproxima, quatro anos e meio depois do histórico referendo de 2016 em que o Reino Unido decidiu por 52% dos votos acabar com quase cinco décadas de uma relação tensa com a UE e tornar-se o primeiro país a sair do bloco.

Londres acusou nas últimas semanas Bruxelas de endurecer repentinamente sua posição, talvez motivada pelo temor de países como a França - que ameaçou vetar o acordo - de fazer muitas concessões para obter "um acordo a qualquer preço". A UE negou qualquer mudança de atitude.

A saída enfraquece a unidade do Reino Unido, dando argumentos aos independentistas da Escócia, uma nação de 5,5 milhões de habitantes profundamente pró-europeus e que votaram em sua maioria contra o Brexit.

Durante a semana, a UE apresentou medidas de emergência para o caso de não alcançar um acordo, com o objetivo de manter o bom funcionamento do transporte terrestre e aéreo durante seis meses, desde que Londres faça o mesmo, e garantir que os barcos de pesca tenham acesso às águas dos dois lados em 2021.

O plano será examinado na quarta-feira no Parlamento Europeu.

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