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"Brexit" reduziria votos a favor da independência da Escócia

Número de votos a favor da independência seria menor se a consulta for realizada após "Brexit", já que cidadãos da UE perderiam direito a voto, diz estudo

Brexit: governo escocês da nacionalista Nicola Sturgeon levantou a possibilidade de promover uma segunda consulta com o argumento de que sua região votou a favor de continuar na UE (Christopher Furlong/Getty Images)

Brexit: governo escocês da nacionalista Nicola Sturgeon levantou a possibilidade de promover uma segunda consulta com o argumento de que sua região votou a favor de continuar na UE (Christopher Furlong/Getty Images)

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EFE

Publicado em 5 de março de 2018 às 16h59.

Edimburgo - A possibilidade de a Escócia votar a favor da independência em um novo referendo sobre sua relação com o Reino Unido seria reduzida se a consulta for realizada após o "Brexit", já que os cidadãos da União Europeia (UE) perderiam o direito a voto que tiveram até agora.

Esta é a advertência de um estudo apresentado nesta segunda-feira pelo Centro Escocês de Relações Europeias, levando em conta que este segundo referendo seria realizado depois de 29 de março de 2019, data na qual está previsto que o Reino Unido abandone oficialmente a UE e empreenda um período de transição.

"Se houver um referendo durante o período de transição, os cidadãos da UE muito provavelmente ficarão excluídos da votação. Dado o número de pessoas envolvidas, isso poderia ter um impacto material no resultado, reduzindo a possibilidade de o voto a favor da independência ganhar", ressalta o documento.

Uma pesquisa prévia realizada pela mesma instituição mostrou que se os cidadãos comunitários residentes na Escócia pudessem participar da consulta, isso teria um "impacto significativo" no resultado, ao inclinar o voto a favor da separação até os 51%.

Os comunitários poderiam estar dispostos a apoiar a Escócia para que se torne um país independente, já que seria possível optar por fazer parte novamente da UE, como defende o governo autônomo, o que lhe daria acesso ao mercado único e à união aduaneira, dois espaços de livre-comércio que o Reino Unido pretende abandonar.

Os analistas Richard Marsh e Fabian Zuleeg argumentaram que, embora durante o período de transição "as normas e os direitos da UE vão continuar vigentes", haverá mudanças na esfera política.

"Politicamente, o Reino Unido já não fará parte das instituições da UE, o que significa que os cidadãos britânicos já não votarão no Parlamento Europeu. Ao mesmo tempo, é provável que os cidadãos da UE no Reino Unido percam seus direitos de voto", indicaram.

Na Escócia há cerca de 200 mil cidadãos da UE estavam aptos para votar no referendo realizado em 2014, quando 55% dos votantes optaram por permanecer no Reino Unido, contra os 45% que apoiaram a independência.

Desde a vitória do "Brexit", em 2016, o governo escocês da nacionalista Nicola Sturgeon levantou a possibilidade de promover uma segunda consulta com o argumento de que sua região votou a favor de continuar na UE.

Ao contrário da Inglaterra e do País de Gales, e da mesma forma que a Irlanda do Norte, a Escócia apoiou majoritariamente (62%) a permanência dentro do clube comunitário.

Embora o Executivo britânico não tenha autorizado uma nova votação antes do fim das negociações sobre a saída da UE, Sturgeon disse que decidirá antes do fim de 2018 convoca um novo referendo.

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