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Brexit pode gerar efeito dominó entre países da UE

A alternativa a uma saída da UE pode passar por uma renegociação de certos tratados para devolver aos governos nacionais "a soberania" tão pedida em Bruxelas


	Brexit: a alternativa a uma saída da UE pode passar por uma renegociação de certos tratados para devolver aos governos nacionais "a soberania" tão pedida em Bruxelas
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Brexit: a alternativa a uma saída da UE pode passar por uma renegociação de certos tratados para devolver aos governos nacionais "a soberania" tão pedida em Bruxelas (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 20 de junho de 2016 às 15h19.

Para dar início a um efeito dominó entre os países do bloco e enfraquecer o atual modelo europeu, todos os eurocéticos da União Europeia esperam uma vitória do Brexit no referendo de 23 de junho no Reino Unido.

Assim, deputados europeus de ultra-direita têm feito campanha em Viena pelo Brexit, com bandeiras, música folclórica e o slogan "a primavera dos povos", dias antes do referendo britânico.

Um duro ataque contra a UE

A turma dos mais valentões está pronta para tentar a aventura de saída da UE. O deputado holandês Geert Wilders, cujo partido de ultra-direita PVV lidera as pesquisas, colocou entre suas prioridades, caso seja eleito, a ruptura com uma União Europeia "totalitária".

"Sem medo", diz o dirigente da Liga Norte italiana Matteo Salvini. "Se a Europa é isso, antes só do que mal acompanhado". A Itália se dá ao luxo de ter dois partidos eurocéticos, com o Movimento 5 Estrelas, que teve uma grande vitória nas eleições municipais desse final de semana.

"A França talvez tenha mil razões a mais para querer sair da UE que os ingleses", disse a líder francesa da Frente Nacional, Marine Le Pen, na sexta-feira em Viena.

Uma saída do Reino Unido "demostraria que é possível viver fora da UE", disse recentemente Le Pen, que ocupa o primeiro lugar das pesquisas de primeiro turno das eleições para presidente na França em 2017.

Os pedidos de referendo podem se multiplicar em caso de Brexit e ecoar nos países nórdicos, igualmente afetados pela onda nacionalista.

"Os países pequenos, como a Dinamarca e potencialmente a Suécia, (...) fazem parte do grupo 'de risco'" em caso de Brexit, apontou o cientista político Carsten Nickels do grupo de análise de Bruxelas Teneo.

Os países escandinavos, importantes contribuintes para o orçamento da UE, temem que as sucessivas crises europeias acabem afetando sua prosperidade.

Permanecer na UE... para mudá-la

A alternativa a uma saída da UE pode passar por uma renegociação de certos tratados para devolver aos governos nacionais "a soberania" tão pedida em Bruxelas.

O partido de extrema direita alemão AfD disse temer "a catástrofe" econômica de um Brexit, onde enxerga, no entanto, uma oportunidade para reformar a UE.

O líder do FPÖ austríaco, Heinz-Christian Strache, aspirante ao governo em 2018, diz o mesmo quando afirma "amar a Europa", mas, ao mesmo tempo, querer "impor uma mudança interna" a favor de uma fórmula "à la carte".

O chefe de governo húngaro, Viktor Orban, declarou seu amor à Europa nesta segunda-feira, em uma súplica feita aos britânicos para que votem pela permanência na UE.

O pedido, difundido pela imprensa britânica, pode surpreender vindo de um dirigente de oposição a Bruxelas. O processo, entretanto, é realista e estratégico.

A Hungria, como a Polônia e outros países da Europa central, onde o euroceticismo vai de vento em popa, se beneficia de ajudas financeiras europeias.

"Não teriam nenhum futuro econômico e político fora da UE e sabem disso", destacou Werber Fasslabend, do Instituto Austríaco para a Política Europeia e de Segurança.

Viktor Orban se esforça para encarnar no coração da UE uma alternativa às políticas de Bruxelas, sobretudo em relação ao tema da migração.

Até o Jobbik (Movimento por uma Hungria Melhor) húngaro, um dos partidos de ultradireita europeu mais radicais, anunciou há pouco tempo que não quer sair da UE, para "transformá-la" melhor por dentro.

E o vencedor é...

As retóricas incendiárias contra a UE são uma coisa e a política executada no poder é outra, apontou a cientista política finlandesa Emilia Palonen, tomando como exemplo o partido de ultra-direita "Os Verdadeiros finlandeses".

Seu líder não dala mais em deixar a UE, desde que se tornou ministro das Relações Exteriores.

No outro extremo do heterogêneo panorama de euroceticismo, a esquerda grega do Syriza também mudou o tom em suas promessas de lutar contra Bruxelas.

As autoridades europeias advertem que, em caso de Brexit, não darão qualquer tipo de alívio aos britânicos. Essa mensagem busca também desmotivar os governantes que tentem uma aventura pelo rompimento.

Analistas dizem que uma UE enfraquecida só terá um vencedor. Werber Fasslabend acredita que o presidente russo Vladimir Putin aproveitará "para recuperar influência" no Leste europeu e para denigrir uma UE em descomposição em relação ao "modelo russo".

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