Prédio do jornal The New York Times: autoridades britânicas já haviam forçado o jornal Guardian, de Londres, a destruir arquivos digitais associados ao caso (Cropbot / Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2013 às 18h53.
Washington - O governo britânico pediu ao jornal The New York Times que destruísse cópias de documentos entregues pelo ex-técnico de inteligência Edward Snowden, segundo pessoas familiarizadas com a questão.
Snowden foi o responsável por revelar ao mundo, em junho, que agências de inteligência dos EUA e do Reino Unido monitoram secretamente as comunicações digitais e telefônicas de milhões de pessoas no mundo. Autoridades britânicas já haviam forçado o jornal Guardian, de Londres, a destruir arquivos digitais associados ao caso.
No caso dos NYT, uma das fontes disse que a solicitação partiu da Embaixada Britânica em Washington e foi respondida com silêncio pela editora-executiva Jill Abramson.
Essa fonte acrescentou que as autoridades britânicas indicaram a intenção de acompanhar o resultado da solicitação, mas que isso não aconteceu.
Em nota divulgada na sexta-feira, Alan Rusbridger, editor do Guardian, disse ter notificado às autoridades britânicas em 22 de julho, dois dias depois da destruição de arquivos em poder do jornal britânico, que materiais relacionados às atividades do GCHQ (serviço britânico de segurança nacional) haviam sido fornecidos ao NYT e à agência de jornalismo investigativo independente ProPublica.
Rusbridger disse que as autoridades britânicas levaram então mais de três semanas para contatarem o NYT, há duas semanas, e que até agora ninguém do governo britânico fez contato com a ProPublica.
Segundo Rusbridger, "estas cinco semanas em que nada aconteceu contam uma história diferente em relação àquelas declarações alarmistas" do governo britânico em testemunho apresentado na sexta-feira a um tribunal que investiga eventuais violações de leis antiterrorismo e de proteção de sigilo no caso Snowden.
Um porta-voz da embaixada britânica em Washington disse à Reuters que não comentaria detalhes dos contatos com o NYT, mas que "não deveria ser surpresa o fato de abordarmos uma pessoa que está de posse de parte ou todo esse material".
"Apresentamos um testemunho à corte na Grã-Bretanha que explica por que estamos tentando proteger as cópias de mais de 58 mil documentos de inteligência furtados - para proteger a segurança pública e nossa segurança nacional", disse o porta-voz.