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Brasileiro é preso nos EUA com US$ 20 milhões no colchão

Os procuradores o acusaram de crime de lavagem de dinheiro em um esquema associado à empresa TelexFree, que pediu falência em 2014

Pirâmide: os procuradores o acusaram de crime de lavagem de dinheiro em um esquema associado à empresa TelexFree, que pediu falência em 2014 (Karen Bleier/AFP)

Pirâmide: os procuradores o acusaram de crime de lavagem de dinheiro em um esquema associado à empresa TelexFree, que pediu falência em 2014 (Karen Bleier/AFP)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 7 de janeiro de 2017 às 13h19.

Nova York - Procuradores dos Estados Unidos descobriram nesta semana cerca de US$ 20 milhões dentro de um colchão de um brasileiro, Cléber Rene Rizério Rocha, de 28 anos, em uma cidade perto de Boston, no Estado de Massachusetts. O dinheiro foi apreendido na última quinta-feira.

Rizério Rocha foi detido após comparecer no Tribunal de Boston e os procuradores o acusarem de crime de lavagem de dinheiro em um esquema associado à empresa TelexFree, que pediu falência em 2014 após provocar prejuízo de US$ 1,8 bilhão para cerca de um milhão de pessoas, muitos delas imigrantes brasileiros nos EUA, segundo o processo do caso.

A TelexFree é acusada no processo de operar um esquema de pirâmide financeira que atraiu milhares de participantes nos EUA e ao redor do mundo.

Inicialmente criada como uma empresa para vender serviços de telefonia pela internet, a companhia, segundo o processo, oferecia a abertura de contas para "promotores comerciais".

Estas contas davam direito a publicação de anúncios onlines. Os participantes recebiam créditos pelos anúncios publicados e também por conseguirem novos membros. A promessa era de retornos de 200% a 250% para quem vendesse os pacotes e atraísse novos associados.

Fundação

A TelexFree foi fundada pelo brasileiro Carlos Wanzeler e o norte-americano James Merrill. Este último se declarou culpado em uma audiência em outubro de 2016 e pode ser sentenciado a dez anos de prisão. A decisão judicial sai no mês que vem.

Wanzeler, segundo documento divulgado esta semana pela Corte de Boston, está foragido no Brasil e não pode ser extraditado. Quando pediu falência, em 2014, a TelexFree devia cerca de US$ 5 bilhões aos participantes, mas tinha registrado nos livros US$ 120 milhões.

No esquema, Rizério Rocha atuava como um entregador do dinheiro, transferindo os recursos da TelexFree ainda escondidos na região perto de Boston, para contas no Brasil por meio da utilização de contas em Hong Kong, de acordo com os documentos oficiais.

Recentemente, ele voou do Brasil para Nova York e, na quarta-feira, entregou uma mala contendo US$ 2,2 milhões em um restaurante para uma testemunha que está cooperando com as investigações e, por isso, não teve o nome revelado.

Após o encontro, os procuradores seguiram o brasileiro até um apartamento na cidade de Westborough, que fica cerca de 50 quilômetros de Boston, onde ele foi preso.

Na noite do mesmo dia, voltaram ao local e encontraram o dinheiro escondido no colchão. Pelo crime, o brasileiro pode pegar até 20 anos na prisão, mais três anos de liberdade vigiada, além de ter que pagar multa de US$ 250 mil.

A prisão de Rizério repercutiu na imprensa dos Estados Unidos, sobretudo em Boston. O jornal The Boston Globe destacou que mais de 119 mil pessoas lesadas pelo esquema já processaram a TelexFree. Procurados pela mídia, os advogados de Rocha e de Wanzeler não responderam os pedidos de entrevista.

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