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Brasileira do Greenpeace diz que não é hora de comemorar

A ativista explicou que a anistia concedida pelo governo local não significa o encerramento definitivo das acusações contra ela e o restante do grupo


	Ana Paula Maciel: ativista afirmou que se sente aliviada por poder voltar a seu país, mas também que o sentimento dos ativistas do Greenpeace não é de comemoração
 (Igor Podgorny/AFP)

Ana Paula Maciel: ativista afirmou que se sente aliviada por poder voltar a seu país, mas também que o sentimento dos ativistas do Greenpeace não é de comemoração (Igor Podgorny/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de dezembro de 2013 às 15h12.

Rio de Janeiro - A bióloga brasileira Ana Paula Maciel, ativista do Greenpeace que foi presa na Rússia com outros integrantes da organização ambiental, disse nesta quinta-feira em entrevista à Agência Efe que sente alívio por poder voltar para casa, mas que o momento não é de comemoração.

A ativista explicou que a anistia concedida pelo governo local não significa o encerramento definitivo das acusações contra ela e o restante do grupo.

"Ao contrário do que está sendo divulgado, a Rússia simplesmente parou de investigar o caso, mas agora em nossa ficha criminal vai constar "hooliganismo" (vandalismo)", corrigiu Ana Paula.

"Fomos perdoados por um crime que não cometemos", explicou a ambientalista, que teme principalmente pelo futuro dos quatro ativistas russos detidos após o protesto do Greenpeace no mar Ártico. "Eles ficarão com a ficha suja em seu país", alertou.

Ana Paula explicou que nesta sexta-feira assinará um documento afirmando que entrou ilegalmente na Rússia contra sua vontade e que, desta forma, poderá deixar o país.

A Rússia não exige visto para brasileiros, apenas um carimbo de entrada, algo que a bióloga não possui pois ingressou forçosamente no país.

A ativista retornará amanhã mesmo para o Brasil e deverá chegar a Porto Alegre, onde sua família mora, no sábado.

"Não sei o que vou fazer quando chegar. Não tenho muitos planos, quero descansar, voltar à vida normal, falar com todas as pessoas que acompanharam minha situação de perto. E depois procurar um lugar para ficar perto da natureza", contou.


Ana Paula afirmou que se sente aliviada por poder voltar a seu país, mas também que o sentimento dos ativistas do Greenpeace não é de comemoração.

"É o fim de uma saga de três meses, mas fomos perdoados por um crime que não cometemos e pelo qual não deveríamos ter sido acusados", criticou a bióloga, para quem a prisão do grupo representou um golpe à liberdade de expressão.

Além disso, Ana Paula lamentou que a companhia estatal russa Gazprom tenha começado a perfurar petróleo no Ártico justamente na época em que a anistia foi concedida. "Não há motivos para comemorar", afirmou.

Os 30 tripulantes da embarcação "Artic Sunrise" foram detidos em águas do Ártico em 19 de setembro pela guarda fronteiriça quando tentavam subir na plataforma Prirazlomnaya, da Gazprom, que segundo o Greenpeace descumpre medidas de segurança e ameaça o ecossistema da região.

"A Gazprom é uma empresa estatal com poder político muito grande", contextualizou a bióloga. Ana Paula acredita que a perseguição e o tratamento duro recebido pelos ativistas na Rússia se devem em grande parte à pressão da companhia.

Sobre o período que passou na prisão, Ana Paula Maciel disse que foram os dias mais difíceis de sua vida: "foi horrível, é um terror psicológico muito grande, só quem viveu uma experiência dessa pode ter ideia".

O Greenpeace sinalizou que tentará agora recuperar o "Artic Sunrise", que ficou retido no porto de Murmansk. A bióloga contou que trabalha há cerca de sete anos em navios da organização ambiental e que boa parte das viagens foi feita justamente no "Artic Sunrise". "É minha segunda casa", brincou.

E apesar do sofrimento dos últimos meses, Ana Paula garantiu que não irá abandonar sua militância ambiental e as atividades do Greenpeace, inclusive no Ártico.

"Quando todos estivermos em casa, vamos nos reunir para avaliar que medidas iremos tomar. Não vou parar minhas atividades, estarei onde for necessário, no Ártico, na Amazônia, no Pantanal", afirmou.

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