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Brasil vira palco de surreal embate virtual entre China e EUA

Briga digital entre embaixadores dos EUA e da China no Twitter acontece em meio à guerra comercial e geopolítica e de novas sanções impostas por Trump

Todd Champman: embaixador dos EUA no Brasil entrou em discussão com Yang Wanming, que ocupa função equivalente pela China (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Todd Champman: embaixador dos EUA no Brasil entrou em discussão com Yang Wanming, que ocupa função equivalente pela China (Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

Felipe Giacomelli

Felipe Giacomelli

Publicado em 13 de julho de 2020 às 08h42.

Embaixadores da China e dos Estados Unidos no Brasil se envolveram nos últimos dias em uma enorme discussão pelo Twitter - rede social que, puxada por Donald Trump, se tornou o ponto de encontro virtual dos políticos.

O arranca-rabo digital começou na sexta-feira (10), quando Todd Chapman, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, comentou uma postagem feita pelo Departamento de Estado americano. No tuíte, o órgão dizia que o Partido Comunista Chinês (PCC) estaria promovendo uma campanha de esterilização em massa de mulheres uigures e outras minorias étnicas.

"Esterilização em massa de mulheres uigures pelo Partido Comunista Chinês—-silêncio não é uma opção", escreveu o embaixador.

No sábado (11), foi a vez do perfil oficial da embaixada americana publicar uma mensagem, atribuída ao FBI, sobre a China estar transferindo o resultado de pesquisas feitas em universidades dos EUA para a Ásia.

"Diretor do FBI: 'A China paga os cientistas das universidades americanas para levarem secretamente nosso conhecimento e inovação de volta à China - incluindo pesquisas valiosas, financiadas pelo governo federal'", repercutiu o perfil da embaixada. "Isto está acontecendo no Brasil?", questionou a embaixada.

E, nesta segunda, a embaixada voltou a postar uma mensagem do FBI sobre as supostas práticas da China. "Diretor do FBI: 'O triste fato é que, em vez de se envolver na dura labuta da inovação, China muitas vezes rouba, visando a pesquisa em tudo, desde equipamentos militares e turbinas eólicas, até sementes de arroz e milho'. Brasil está seguro contra essas práticas?", postou.

A resposta chinesa veio no domingo (12). Pelo mesmo Twitter, o embaixador Yang Wanming respondeu a Chapman. "Olha, esse homem vem ao Brasil com a missão especial, que é atacar a China com boatos e mentiras. Aconselhamos que pare de fazer atividades desse tipo e faça bem o seu trabalho. Uma formiga tenta derrubar uma árvore gigante, ridiculamente exagerando em sua capacidade", declarou.

Ainda no domingo, Wanming rebateu as acusações sobre a campanha de esterilização em massa. "A alegação dos EUA sobre Xinjiang está entre as maiores mentiras do século. A população dos uigures em Xinjiang cresceu de 5,5 milhões para 11,7 milhões em menos de 40 anos. ~disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China", escreveu.

"Atualmente, a taxa anual de crescimento natural da população da Região Autônoma do Uigur de Xinjiang é de 3,69 por mil ao ano; em 2010, essa taxa era de 1,99 por mil. A taxa média de crescimento da população da China é de 3,34 por mil hoje", completou.

A briga entre os dois embaixadores no Brasil acontece em meio à guerra comercial e geopolítica entre a China e os Estados Unidos. No capítulo mais recente, o presidente Donald Trump impôs sanções a vários representantes do Partido Comunista Chinês pela, segundo ele, existência de campos de detenção e trabalhos forçados na China.

 

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