Um dos candidatos oficiais a mascote das Olimpíadas de 2016, o muriqui-do-norte, o maior macaco das Américas, possui hoje menos de 1000 indivíduos (Wikimedia Commons/Reprodução)
Vanessa Barbosa
Publicado em 12 de setembro de 2012 às 18h01.
São Paulo - O Brasil tem cinco animais entre as 100 espécies mais ameaçadas de extinção do mundo, de acordo com uma lista publicada pela Sociedade Zoológica de Londres. No relatório, intitulado Priceless or Worthless? (Sem valor ou de valor inestimável?, em tradução livre), aparecem o macaco muriqui-do-norte (Brachyteles Hypoxanthus), o pássaro soldadinho-do-Araripe (Antilophia bokermanni), duas borboletas (Actinote zikani e Parides burchellanu) e uma espécie de preá (Cavia intermedi).
É a primeira vez que mais de 8 mil cientistas reúnem-se para identificar os animais, plantas e fungos sob risco extremo de extinção em 48 países. O declínio da maioria dessas espécies foi causado por seres humanos e, em quase todos os casos, a extinção pode ser evitada. Está em nossas mãos decidir se eles devem desaparecer ou permanecer na Terra, diz Jonathan Baillie, diretor do programa de conservação da Sociedade Zoológica de Londres. Mas é preciso decidir rápido, alerta.
Macaco muriqui-do-norte - Um dos candidatos oficiais a mascote das Olimpíadas de 2016, o muriqui-do-norte, o maior macaco das Américas, possui hoje menos de 1000 indivíduos, segundo estimativas dos cientistas. Nativo de uma área da mata Atlântica que vai do Espírito Santo à Bahia, a espécie encontra-se seriamente ameaçada de extinção devido à intensa fragmentação de seu habitat. O desmatamento em grande escala e o processo seletivo de madeira no passado reduziram o ecossistema único do muriqui do norte a uma fração de sua extensão original, e a pressão de caças também afetaram a população desse primata, diz um trecho do relatório.
Soldadinho-do-araripe - Entre as espécies brasileiras mais ameaçadas, aparece também soldadinho-do-araripe, uma ave que vive numa área de apenas 28km² na Chapada do Araripe, no Ceará. Com cerca de 15 cm de comprimento, o macho dessa espécie é dono de uma pelagem sedutora: é branco, com a cauda e asas negras, além de um topete carmim que vai do meio do dorso até o bico, uma característica praticamente ausente na fêmea, que tem pelagem cor verde-oliva. Sua população é estimada em 779 indivíduos. Segundo o relatório, a espécie sofre com a perda de hábitat devido à expansão da agricultura, parques e unidades de recreação. Confira no vídeo abaixo, o canto do Soldadinho-do-araripe:
Preá - Descritos pela ciência há poucos mais de 10 anos, os preás Cavia intermedia somam no máximo 60 indivíduos. O mamífero de 25 centímetros e 600 gramas é encontrado apenas na ilha Moleques do Sul, perto de Florianópolis. Embora o hábitat desta espécie esteja protegido por lei, o relatório sugere maior fiscalização da região.
Borboletas - A lista das espécies sob perigo extremo cita ainda duas borboletas, a Actinote zikani, que vive na Serra do Mar, perto de São Paulo, e a Parides burchellanus, com uma população de menos de 100 indivíduos no Cerrado brasileiro.