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Brasil se prepara para surpreender empresas, agora com gás

A estimativa das reservas potenciais de gás natural do país feita pela ANP é 88 por cento maior do que o Departamento de Energia americano calcula


	Diminuir as importações de gás natural liquefeito é uma das metas da presidente Dilma Rousseff
 (REUTERS/Ueslei Marcelino)

Diminuir as importações de gás natural liquefeito é uma das metas da presidente Dilma Rousseff (REUTERS/Ueslei Marcelino)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2013 às 18h25.

Ao se preparar para seu primeiro leilão de gás de xisto, o Brasil tem uma mensagem para as companhias de perfuração globais: o país que descobriu a maior reserva de petróleo no mar deste século pode ter quase o dobro de gás natural em terra, conforme estimativas atuais.

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis fez tal afirmação em uma projeção preliminar de reservas potenciais, em e-mail para a Bloomberg News. A estimativa é 88 por cento maior do que o cálculo do Departamento de Energia americano de que o Brasil tenha 226 trilhões de pés cúbicos de gás em xisto, uma rocha sedimentar que tem sido cada vez mais procurada no mundo em busca de combustíveis.

A projeção pode assegurar que a Royal Dutch Shell Plc e o bilionário Eike Batista participem de um leilão de blocos de gás xisto a ser realizado pelo governo em 14 e 15 de dezembro. A maior empresa de energia da Europa e o bilionário que controla a segunda maior companhia de petróleo do País por valor de mercado manifestaram interesse em participar do boom de xisto que está começando na América Latina, seis anos após as bacias do pré-sal terem confirmado a maior descoberta desde 2000.

A presidente Dilma Rousseff está procurando reduzir a dependência de importações de gás natural liquefeito, usado na geração de eletricidade. Enquanto mais de 80 por cento da energia elétrica do Brasil é gerada por hidrelétricas, um período de estiagem que levou os reservatórios ao menor nível desde 2000 forçou as autoridades a ordenar o uso de usinas térmicas sem ter gás o suficiente para alimentá-las.

“Há uma escassez de gás”, disse Ruaraidh Montgomery, analista sênior da Wood Mackenzie, em entrevista por telefone de Houston. O gás de xisto produzido no País “será bom, visto de uma perspectiva abaixo do solo. Os desafios são acima do solo”, em conseguir trabalhadores, atender as regras de conteúdo local e o tamanho do setor de serviços, disse.

A estimativa americana inclui apenas uma bacia, e pode haver mais 200 trilhões de pés cúbicos de gás espalhados por outras quatro áreas, disse a ANP em resposta a perguntas. Dada a demanda de 885 bilhões de pés cúbicos de gás no País em 2011, se 10 por cento das reservas adicionais foram bombeadas, elas sozinhas conseguirão suprir o País por cerca de 22 anos em seu ritmo atual de consumo.

As estimativas americanas são as melhores publicadas até agora, disse a agência. A ANP disse que chegou à estimativa maior ao fazer uma analogia entre a geologia de quatro bacias brasileiras em terra e a bacia de xisto Barnett nos Estados Unidos. A analogia não é uma projeção firme, apenas um ponto de referência, disse.

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