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Brasil reduz exportações para a China e aumenta para os EUA no começo de 2025

Queda para o país asiático foi puxada por diminuição do preço da soja

Desembarque da soja brasileira no porto de Nantong, na China (China/Future Publishing/Getty Images)

Desembarque da soja brasileira no porto de Nantong, na China (China/Future Publishing/Getty Images)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 23 de maio de 2025 às 06h01.

Nos primeiros quatro meses deste ano, o Brasil ampliou as exportações para os Estados Unidos, mas viu uma queda no valor enviado para a China, mostram dados da ComexStats, plataforma do governo brasileiro.

De janeiro a abril de 2025, o Brasil exportou US$ 28,5 bilhões em mercadorias para a China. No mesmo período do ano passado, o montante havia sido de US$ 32,3 bilhões, uma queda de 12,2%.

Ao mesmo tempo, as exportações para os Estados Unidos subiram 3,7% no período. As exportações brasileiras para os americanos somaram US$ 13,1 bilhões, e as altas mais fortes foram de carne bovina, café e suco de laranja.

"Esta queda de exportação do Brasil para a China é principalmente por preço, e principalmente preço de soja, que caiu bastante esse ano", diz Barral. "Se olhar a queda de quantidade [exportada], não é tanto".

Ao considerar o peso, a queda de exportação foi de 449 mil toneladas, somando todos os itens.

Tarifas de Trump

O começo do ano foi marcado pela imposição de novas tarifas de importação pelos EUA. O presidente Donald Trump anunciou taxas de 10% para quase todos os produtos brasileiros, que passaram a valer em abril. Aço, alumínio e automóveis foram taxados em 25%.

Apesar das novas taxas, as importações brasileiras para os EUA cresceram. Uma das causas apontadas para isso é a de antecipação de importações. "Compradores estavam temerosos de um aumento de tarifa e adiantaram a importação, mas é um efeito muito pequeno ainda. Nós vamos sentir mais efeito a partir de julho e agosto", diz Barral.

Na lista de maiores importações, houve destaque para a carne bovina, que teve alta de 1.006% no valor total exportado. Em abril de 2024, o Brasil havia vendido US$ 21 milhões em carne. No mês passado, foram US$ 229 milhões.

"Os Estados Unidos estão com uma necessidade de compra de carne sem precedentes. Houve redução de rebanho para a pior posição desde os anos 1950. Eles precisam de muita carne e estão fazendo incursões aqui no mercado brasileiro", diz Fernando Iglesias, analista da consultoria Safras & Mercado. "Recuperar rebanho não é uma coisa que acontece rapidamente. Essa tendência de ritmo de compra dos Estados Unidos no Brasil deve se manter", afirma.

Os 10 itens mais exportados do Brasil para os EUA em abril

  • Óleos brutos de petróleo: US$ 522 milhões

  • Café não torrado: US$ 253 milhões

  • Aeronaves e partes: US$ 233 milhões

  • Semi-acabados de ferro ou aço: US$ 232 milhões

  • Carne bovina: US$ 229 milhões

  • Óleos combustíveis: US$ 184 milhões

  • Ferro-gusa e similares: US$ 173 milhões

  • Equipamentos de engenharia: US$ 149 milhões

  • Sucos de frutas/vegetais: US$ 109 milhões

  • Celulose: US$ 83 milhões

  • Demais produtos: US$ 1.401 milhões

Total: US$ 3.568 milhões

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