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Brasil quer fechar acordo para produzir etanol no Quênia

Proposta está tramitando no Congresso brasileiro, mas Lula disse ter o sonho de lançar a pedra fundamental ainda em seu governo

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DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Nairobi (Quênia) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (6) que o Brasil quer firmar um acordo para produzir biocombustíveis no Quênia. De acordo com Lula, o Brasil poderia transferir tecnologia ao país africano, que tem terras disponíveis para a agricultura.

"O Brasil tem expertize de anos de experiência. O Quênia tem terra e disposição de produzir combustível limpo para a gente poder vender para os países ricos que, a partir de 2020, terão que colocar 10% de etanol na gasolina dos seus carros", disse Lula em pronunciamento conjunto com o presidente do Quênia, Muar Kibaki.

O Quênia é o terceiro país visitado por Lula na viagem que faz à África esta semana. Já passou por Cabo Verde e Guiné Equatorial e segue ainda hoje para a Tanzânia. Os dois presidentes também conversaram hoje pela manhã sobre a criação da Universidade Afro-Brasileira.

A proposta ainda está tramitando no Congresso brasileiro, mas Lula disse “ter o sonho” de lançar a pedra fundamental ainda em seu governo. A Universidade Afro-Brasileira deve ser instalada no município de Redenção, no Ceará e, de acordo com o projeto, vai abrir mil vagas, 500 para brasileiros e 500 para africanos.

Lula disse ainda que, paralelamente à criação da universidade, o Brasil poderá instalar escolas no Quênia para ensinar língua portuguesa. “[a criação da universidade] Obriga que o Brasil ensine português no Quênia e em outros países da África." A visita à Africa tem um tom pragmático, repetido por muitos membros do governo que destacam a necessidade de aproximar comercialmente o Brasil do Continente Africano.

Lula ressaltou que o bloco econômico do Leste da África (EAC, sigla em inglês), formado por Quênia, Burundi, Uganda, Ruanda e Tanzânia, representa 126 milhões de habitantes. Lula defendeu a aproximação do Mercosul com esse mercado. O Quênia é um dos países mais industrializados da África. A economia tem crescido nos últimos anos, apesar do freio da crise mundial, que repercutiu no ano passado. O setor de serviços cresce puxado pelo turismo.

Atualmente, a prestação de serviços representa 62% do PIB do país. Já a fatia da agricultura corresponde a 21,4% e a indústria, 16,3% do PIB. Estudos feitos pela consultoria Economist Intelligence Unit, citados pelo próprio governo brasileiro, apontam que a economia do Quênia crescerá 3,4% em 2010 e 5% em 2011.

As relações comerciais entre Brasil e Quênia nos últimos sete anos aumentaram seis vezes. Passaram de US$ 14 milhões em 2003 para US$ 91 milhões no ano passado apesar dos efeitos da crise financeira mundial, que fez a corrente de comércio entre os dois países encolher 11% em relação ao ano anterior.

Os empresários brasileiros que acompanham o presidente na visita à África identificaram nichos ainda não explorados de mercado e querem ampliar as vendas nos setores onde já existem relações comerciais mais sólidas. Há boas perspectivas para combustíveis, produtos farmacêuticos, carros, tratores e outros itens industrializados.
 

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