Mundo

Brasil pressiona por Fundo Verde na COP17

Os demais países latino-americanos que participam da conferência também pressionam pela aprovação do fundo de US$ 100 bilhões para o clima

O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado se mostrou otimista: 'tenho ouvido que alguns países europeus mostraram intenções de fazer contribuições' (Divulgação/MRE)

O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado se mostrou otimista: 'tenho ouvido que alguns países europeus mostraram intenções de fazer contribuições' (Divulgação/MRE)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2011 às 10h49.

Durban - Brasil, México e representantes da América Central enfatizaram nesta quarta-feira a necessidade de ativar o novo Fundo Verde para o Clima (FVC), um dos assuntos principais das negociações da 17ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP17) da cidade sul-africana de Durban.

O negociador-chefe do Brasil na cúpula, embaixador Luiz Alberto Figueiredo, se mostrou otimista sobre o Fundo e espera que esteja totalmente operacional o mais rápido possível.

'Tenho ouvido que alguns países europeus mostraram intenções de fazer contribuições. É uma boa notícia, de que vão cumprir seus compromissos de financiamento a curto e longo prazo', disse Figueiredo, que representa o país designado facilitador de um acordo entre as partes.

'Devo dizer que estou otimista com os resultados desta cúpula, e acredito que estamos perto de um bom resultado no que diz respeito ao assunto principal desta conferência: o segundo período do Protocolo de Kyoto e os passos necessários para conseguir um acordo global após 2020', destacou o embaixador.

O presidente do México, Felipe Calderón, protagonizou a declaração mais contundente dos países latino-americanos, ao pedir nesta quarta-feira ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que convença Estados Unidos e Arábia Saudita a aprovarem o Fundo.

'O FVC recebeu o beneplácito da maioria dos países, mas há alguns, como EUA e Arábia Saudita, que continuam se opondo', disse o líder mexicano em uma mensagem em vídeo emitida durante um ato realizado na cúpula.

'Como não podemos avançar sem um apoio total, peço ao secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que construa o consenso necessário, especialmente com essas nações', ressaltou Calderón, que se desculpou por não poder estar presente na COP17.


O vídeo foi visto, entre outros, pelo próprio Ban Ki-moon, assim como pelos primeiros-ministros da Noruega, Jens Stoltenberg, e Etiópia, Meles Zenawi, que participaram do evento.

O FVC consiste em um instrumento que deverá administrar US$ 100 bilhões anuais comprometidos pelas economias industrializadas, que a partir de 2020 devem ajudar os países mais pobres a adaptarem melhor suas economias à tecnologia verde e ao clima extremo.

O Comitê de Transição, estabelecido por mandato da cúpula de 2010 em Cancún (COP-16) e formado por especialistas de diversas áreas, trabalhou neste ano na elaboração dos mecanismos do FVC.

As diferenças sobre as fontes de financiamento e o acesso aos fundos, entre outras questões, impediram um acordo antes da reunião de Durban, com a rejeição dos EUA e Arábia Saudita.

'Muitos países iniciaram ações significativas, mas devemos fazer mais em nível internacional para conseguir o objetivo que decidimos em Cancún', declarou Calderón, referindo-se ao limite de dois graus centígrados para o aumento da temperatura média do planeta até 2020, considerado pelos cientistas um risco para humanidade.

'A única maneira de conseguir isso é fornecer o financiamento necessário. Os países em desenvolvimento não têm recursos suficientes por si mesmos para agir de maneira efetiva contra a mudança climática', ressaltou o governante mexicano.

Apesar do pedido que Calderón transmitiu a Ban Ki-moon, o enviado especial dos EUA para Mudança Climática, Todd Stern, afirmou nesta quarta-feira que as negociações para ativar o FVC seguem muito bem, mas admitiu que ainda existem algumas divergências.

No entanto, a ONG Oxfam acusou os EUA de colocarem obstáculos na negociação, condenando o Fundo a começar como uma caixa vazia.


Os países do Sistema da Integração Centro-Americana (Sica) defenderam nesta quarta-feira o início das atividades do FVC, para que a região possa se adaptar à meteorologia extrema provocada pela mudança climática.

'Nossos países estão sendo afetados pelo clima extremo. Precisamos de financiamento o mais rápido possível', disse o ministro de Meio ambiente e Recursos Naturais de El Salvador, Herman Rosa, cujo país exerce a Presidência rotativa do Sica.

Em entrevista coletiva de responsáveis ministeriais do Sica, Rosa ressaltou que um dos grandes objetivos do organismo regional é conseguir ativar o Fundo Verde para o Clima, dada a vulnerabilidade da região aos fenômenos climáticos extremos.

'Nos preocupa o fato de que o clima já se alterou de forma muito grave, e que nós estamos pagando os pratos quebrados por uma festa à qual não fomos convidados', criticou Rosa, em alusão às emissões de gases do efeito estufa dos países desenvolvidos.

'Para nós, o assunto crucial é o clima extremo. Nos anos 1960 e 1970, a América Central não era afetada por ciclones tropicais do Pacífico. Agora, os fenômenos mais destrutivos vêm do Pacífico', acrescentou.

Quem também participou da entrevista coletiva foi o vice-ministro de Meio Ambiente da Guatemala, Carlos Moino. Ele alertou para o 'efeito negativo multiplicador da mudança climática' que atinge as populações mais pobres. 'Milhares de pessoas morreram na América Central. O povo mais vulnerável é o que mais está sofrendo'. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaAquecimento globalClimaCOP17Meio ambiente

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'