Mundo

Brasil pede a potências nucleares que limitem uso potencial das suas armas

Amorim também promoveu como modelo para outras regiões os sistemas de controles bilaterais sobre assuntos nucleares entre Brasil e Argentina

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

Nações Unidas - O ministro Celso Amorim pediu hoje garantias às potências nucleares de que não empregarão seus arsenais sem serem atacadas e que não construirão novas armas atômicas, para assim reforçar o regime internacional de não-proliferação.

"Enquanto alguns países possuam armas nucleares, outros Estados tratarão de adquiri-las", disse Amorin em seu discurso durante a sessão inaugural da Conferência de Revisão do Tratado de Não-Proliferação (TNP) das Nações Unidas.

O ministro assinalou que os países que formam a chamada Coalizão da Nova Agenda em assuntos nucleares (Brasil, Egito, Irlanda, México, Nova Zelândia, África do Sul e Suécia) propuseram 22 recomendações para fortalecer a implementação do TNP.

"Um compromisso claro dos possuidores de armas nucleares que não as usarão sem ser atacados com segurança forneceria credibilidade ao Tratado de Não-Proliferação", assinalou o Amorim.

Além disso, o ministro pediu "garantias de segurança vinculativas" para os países sem armas nucleares, assim como uma renúncia das potências atômicas a "melhora ou desenvolvimento de novos dispositivos atômicos".

O ministro não se referiu diretamente em seu discurso à disputa do Irã com a comunidade internacional pela falta de transparência de seu programa nuclear, a que alguns países atribuem interesses militares.

"Nenhum país deve ter seu direito às atividades nucleares pacíficas negado, enquanto cumpra com o TNP e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)".

Brasil, que é atualmente membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU, se opõe à imposição da nova rodada de sanções contra Teerã negociada pelas cinco potências (EUA, Rússia, Reino Unido, França e China), além da Alemanha.

Em seu discurso, Amorim também promoveu como modelo para outras regiões os sistemas de controles bilaterais sobre assuntos nucleares entre seu país e Argentina, assim como o Tratado de Tlatelolco, que desde 1967 declara à América Latina uma região livre de armas atômicas. "Estamos convencidos que as declarações de zonas livres de armas nucleares, particularmente em regiões em tensão, podem contribuir para a paz e a segurança", acrescentou.

O ministro reconheceu que o TNP é "injusto", já que divide o mundo entre os que têm armas nucleares e os que não, por isso é "uma expressão dos desequilíbrios do sistema internacional". "O Brasil segue convencido que a melhor garantia para a não-proliferação é a eliminação total das armas nucleares", completou.

A conferência de revisão, que vai até o 28 de maio, é realizada a cada cinco anos desde que o tratado entrou em vigor, em 1970, e nesta ocasião conta com delegações dos 189 países signatários do tratado.

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, conseguiu hoje a atenção na inauguração da Conferência com um duro discurso contra os EUA, que acusou de ameaçar outros países com seu arsenal nuclear. O líder iraniano pediu por isso a suspensão dos Estados Unidos da AIEA, ao tempo que deplorou a política de "dois pesos e duas medidas" das potências ocidentais respeito ao suposto arsenal nuclear de Israel.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaÁsiaDados de BrasilEnergiaEnergia nuclearInfraestruturaIrã - País

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado