Marina, Serra e Dilma agora são candidatos oficiais à Presidência da República (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h36.
Brasília - Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) começam a semana não mais como pré-candidatos à Presidência da República. Os três já homologaram as candidaturas nas convenções de seus partidos e agora seguem como candidatos oficiais à disputa ao Planalto.
De acordo com o calendário eleitoral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), os partidos têm entre 10 e 30 de junho para deliberarem sobre coligações e escolher candidatos a presidente e vice-presidente. "Mas os candidatos optaram por realizar as convenções logo no início do cronograma para não precisar concorrer com os jogos da Copa", explicou Ricardo Ismael, professor de Sociologia da PUC-RJ.
Para Ismael, os candidatos e partidos devem agora se dedicar a organizar as empreitadas rumo ao Palácio Planalto. "Os comitês financeiros vão estar a todo o vapor; é tempo de arrecadar verba para campanha, conseguir doações etc", prevê o professor. Segundo ele, eventos estão fora de cogitação. "Não tem muito o que eles possam fazer nessa época que tenha um impacto tão grande no Brasil. Os candidatos devem, no máximo, adequar suas agenda à Copa do Mundo, e mostrar que estão acompanhando e torcendo", avalia o professor.
Nos discursos dos principais candidatos à Presidência, a palavra "Brasil" foi a mais repetida. Marina Silva, que confirmou sua candidatura na última quinta-feira (10), em Brasília, destacou que queria ser a primeira mulher negra presidente do Brasil. Marina criticou a flexibilização do Código Florestal, em discussão no Congresso. "As pessoas estão discutindo como flexibilizar o Código Florestal para perdoar 40 milhões hectares de áreas devastadas ilegalmente. Não queremos isso para o Brasil. Não podemos esquecer de dar uma resposta para isso", defendeu ela. Marina referiu-se ao vice Guilherme Leal várias vezes, falando da importância de ter o empresário como seu "par político".
Confira as palavras mais repetidas pela candidata do PV na convenção do partido em Brasília:
O tucano José Serra confirmou sua participação no pleito como candidato do PSDB à Presidência no sábado (12), em Salvador. O ex-governador de São Paulo falou sobre seu passado pessoal e político, e criticou os gastos do governo. "Nas receitas das empresas públicas, os governos no Brasil arrecadaram 500 bilhões de reais até o início de junho. No mesmo momento em que o governo federal anunciava cortes nos gastos de saúde e educação, e que desacelerava as obras da transposição do São Francisco em Pernambuco e na Paraíba, gerando desemprego. Isso mostra simplesmente que o dinheiro público está sendo m al gasto", disse ele.
Veja as palavras mais citadas por José Serra na convenção do PSDB na capital baiana:
A candidata do PT à Presidência disse que quer dar continuidade ao governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva e fazer do país "um Brasil de Lula com a alma e coração de mulher". Dilma Rousseff defendeu a continuidade do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e afirmou que, para que o Brasil siga mudando, é necessário investir maciçamente em infraestrutura. Dilma defendeu as parcerias entre o setor público e privado para "garantir investimentos que ampliem a competitividade de nossa economia". Dilma disse que almeja ser a primeira mulher presidente do país e, com isso, servir de exemplo para que meninas possam dizer "eu quero ser presidente do Brasil", ao serem perguntadas o que querem ser quando crescer. "É para elas que e u quero dedicar a minha luta e a nossa vitória", afirmou a candidata.
Saiba as palavras escolhidas por Dilma para discurso na convenção do PT, no último domingo (13), em Brasília:
As cidades escolhidas
Segundo Paulo Kramer, professor de Ciência Política da UnB, Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva tiveram motivos claros para escolher a "cidade-sede" onde homologariam suas candidaturas.
"O Partido Verde escolheu fazer a convenção em Brasília porque as pessoas têm alto nível de renda e de educação. Atualmente, quem abraça a causa ecológica defendida por Marina ainda são essas pessoas", pondera o professor. Segundo Kramer, quem está em classes mais baixas coloca o consumo na frente da preservação. "Essa turma demorou para conseguir comprar as coisas. Só agora começaram a consumir e não querem moderar. A ecologia não é para paralisar o consumo, pois trata-se de descobrir maneiras de explorar racionalmente. Mas isso ainda é um entendimento complicado", disse o professor.
Já José Serra, ao escolher Salvador, demonstrou querer se infiltrar nas áreas onde o presidente Lula é mais popular, explicou Kramer. "Serra foi corajoso ao escolher um local que representa o coração de onde políticas de governo como o Bolsa Família deram certo. O candidato tucano quer criar força em locais mais pobres". Paulo Kramer defende que "ninguém pode ganhar eleição no Brasil sem ter os votos dos mais pobres" e o candidato do PSDB está buscando esse eleitorado.
O PT optou por homologar a candidatura de Dilma Rousseff em um evento menor que o da convenção que a lançou como pré-candidata do partido. Segundo Kramer, o PT quis passar, simbolicamente, a ideia de fato pré-consumado. "Dilma escolheu Brasília para passar a noção de que faltam apenas alguns passos até ela chegar ao Planalto", apontou o professor. Kramer diz que Dilma não tem como dissociar sua imagem à de Lula. "Ela não tem outra opção, pois a candidata foi criada dentro do bolso do colete do presidente", afirmou.
Eleição do Twitter
Para o professor Ricardo Ismael, em 2010, o Brasil terá a eleição do Twitter. Os três principais candidatos à Presidência possuem perfis no serviço de microblogging e procuram trocar ideias com os eleitores. Dilma Rousseff já conseguiu 82.768 seguidores em pouco mais de dois meses no microblog; Marina Silva atualiza o Twitter desde janeiro deste ano e conta com 62.968 seguidores. José Serra é veterano entre os presidenciáveis na rede social e sua conta tem mais de um ano. Segundo o site Twittercounter, Serra está entre os maiores tuiteiros do mundo, com 254,291 seguidores (ver tabela abaixo).
Apesar da expansão da internet nas campanhas eleitorais, as novas mídias ainda não fazem nenhum candidato vencer o pleito, explica o professor. "O eleitor de internet ainda é jovem e de maior renda. A graça da rede é poder acompanhar os acontecimentos em tempo real. No entanto, o que vai pesar mesmo na campanha e na hora de conquistar o voto são a televisão e o rádio", defende Ismael.
Sobre as convenções, Marina foi a única que não fez comentários sobre a homologação da candidatura no Twitter. "Difícil achar palavras p/ falar da convenção do PT, que me conferiu há pouco a honra de ser candidata à Presidência da República do meu país", disse a candidata petista, Dilma Rousseff, logo depois do evento do partido. Serra, como de costume, deixou para tuitar à noite, postou fotos do evento e escreveu "Fim de semana quente, emocionante: a convenção de ontem, na Bahia, foi perfeita!".
Perfil | Data de criação | Número de tweets* | Seguidores* | Posição Twitter Rank* | |
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Dilma Rousseff (PT) | @dilmabr | Abril/2010 | 172 | 82.768 | 1.959 |
José Serra (PSDB) | @joseserra_ | Abril/2009 | 852 | 254.291 | 708 |
Marina Silva (PV) | @silva_marina | Janeiro/2010 | 711 | 62.968 | 2.706 |
Fonte: Twittercounter | Elaboração: EXAME.com
*Números registratos na manhã de 14/06