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Brasil monta barreira em Pacaraima após conflitos entre venezuelanos

Manifestantes venezuelanos atiraram pedras da zona de trânsito limítrofe na direção de soldados do seu país, que reagiram com bombas de gás lacrimogêneo

As bandeiras do Brasil e da Venezuela são vistas na fronteira: região foi marcada por conflitos no fim de semana (Ricardo Moraes/Reuters)

As bandeiras do Brasil e da Venezuela são vistas na fronteira: região foi marcada por conflitos no fim de semana (Ricardo Moraes/Reuters)

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AFP

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 09h01.

Militares brasileiros montaram neste domingo (24) uma barreira de contenção em Pacaraima, perto da fronteira com a Venezuela, depois que manifestantes venezuelanos atiraram pedras da zona de trânsito limítrofe na direção de soldados do seu país, que reagiram atirando bombas de gás lacrimogêneo.

Cerca de 20 jovens com os rostos cobertos atiraram pedras e outros objetos da área situada entre as duas alfândegas contra homens da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que desde a quinta-feira passada bloqueia o acesso ao país por ordem do presidente Nicolás Maduro.

A GNB avançou mais que o habitual até o limite fronteiriço e se alinhou com escudos a 50 metros da fronteira, lançando bombas de gás lacrimogêneo na direção dos manifestantes. A barreira foi reforçada com três veículos antimotins, comprovou a AFP.

Alguns encapuzados voltaram a incendiar objetos dentro de um posto militar venezuelano, depois dos distúrbios similares do sábado.

Depois de terminados os confrontos, 500 simpatizantes de Maduro chegaram à localidade limítrofe e hastearam a bandeira da Venezuela, que na véspera tinha sido baixada por manifestantes do lado brasileiro.

Maduro decretou o fechamento por tempo indeterminado desta fronteira, tentando impedir a entrada de carga de alimentos e medicamentos, que a oposição pretendia levar a território venezuelano no sábado.

Dois caminhões com 8 toneladas de ajuda humanitária, doada por Washington e Brasília, permanecem estacionados em instalações militares da Operação Acolhida, destinada a migrantes venezuelanos no Brasil.

O coronel do Exército brasileiro Georges Feres Kanaan esclareceu que a barreira montada não significa que o Brasil tenha fechado a passagem fronteiriça.

"Estamos cuidando para que ninguém se machuque, este é um confronto entre civis e militares venezuelanos", disse à AFP o oficial, acrescentando que não haverá reforço militar, mas que efetivos já destacados na fronteira vão garantir a integridade das pessoas.

Várias ambulâncias entraram desde o sábado em território brasileiro, trazendo pelo menos 18 venezuelanos feridos a tiros em confrontos em Santa Elena de Uairén, a 20 km de Pacaraima.

O governador de Roraima, Antônio Denarium, declarou neste domingo estado de calamidade na saúde pública do estado, o que lhe permitirá liberar mais recursos para atendimentos médicos.

Três desertores

Três sargentos venezuelanos da GNB, que estavam destacados no posto de controle fronteiriço, desertaram e chegaram a Pacaraima, onde pediram refúgio.

Dois deles cruzaram a fronteira durante os incidentes do sábado, somando-se à centena de militares e policiais venezuelanos que fugiram da Venezuela rumo à Colômbia. O terceiro sargento chegou a Pacaraima neste domingo.

"Estávamos aqui no posto de controle da Operação Acolhida e dois militares da Guarda Nacional venezuelana se apresentaram pedindo refúgio", contou o coronel Kanaan.

Os sargentos foram alojados em instalações da Operação Acolhida de Pacaraima e darão início ao procedimento para solicitar refúgio ou residência temporária, vacinação e regularização da permanência no Brasil, acrescentou.

O norte da América do Sul viveu momentos de tensão no sábado, no âmbito de uma operação internacional para entregar medicamentos e alimentos nas fronteiras da Venezuela, impulsionada pelo dirigente da oposição, Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por 50 países.

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