Mundo

Brasil já é uma potência energética, diz Tolmasquim

Especialistas do setor concordam com o presidente da EPE, mas alertam para necessidade de investimento em tecnologias limpas

Da esq. para a dir.: Mário Veiga, Maurício Tolmasquim, o biólogo Fernando Reinach e o  jornalista George Vidor, mediador do debate.  (Denis Ribeiro)

Da esq. para a dir.: Mário Veiga, Maurício Tolmasquim, o biólogo Fernando Reinach e o jornalista George Vidor, mediador do debate. (Denis Ribeiro)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

São Paulo - Com a descoberta do pré-sal, que teria reservas estimadas em 34 bilhões de barris, intensificam-se em todo o mundo as discussões sobre o "poderio" brasileiro no setor. Seria o Brasil uma nova potência energética? Para o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, o título corresponde bem à realidade.

"O Brasil já é uma potência energética, não só em consequência do pré-sal, mas pela produção do etanol e pelo imenso reservatório de hidrelétricas e de outras fontes de energia renovável", afirmou Tolmasquim durante o EXAME Fórum Energia, realizado nesta segunda (20) em SP.

De acordo com o presidente da EPE, o país tem duas vantagens que lhe dão destaque no cenário energético mundial: a "renovabilidade" da matriz de energética e a produção de etanol. Tolmasquim afirmou que o Brasil tem 47% de sua matriz composta por fontes renováveis, o que o coloca acima da média mundial, de 14%.

Nessa divisão, o setor eólico responde por menos de 3%, mas seu potencial gerador é de 300 mil MW, o equivalente a 20 hidrelétricas do porte de Itaipu. Já a produção de etanol deve crescer no futuro, segundo Tolmasquim, para atender um mercado dominado por veículos movidos a biocombustível. "Em dez anos, 70% dos carros deverão ser flex fuel.
Chegaremos a 74bilhões de litros de etanol comercializados".

Segurança para o crescimento e investimento em inovação

"As perspectivas do setor energético brasileiro são excelentes, mas ainda temos muito dever de casa pra fazer", afirmou Mário Veiga, presidente da PSR Soluções e consultoria em Energia. Para ele, dois temas estão na pauta das discussões globais: segurança energética e preservação do meio ambiente.

Nesse cenário, o Brasil teria um quadro favorável, tanto pela base fortificada de hidrelétricas - que funcionaria como uma espécie de garantia para a expansão das energias renováveis - quanto pela "sinergia" entre as fontes alternativas. "O que não podemos fazer é retroceder na produção energética limpa por causa do pré-sal", disse.

De acordo com o biólogo Fernando Reinach, no mundo inteiro, há um esforço imenso para o desenvolvimento de novas tecnologias de geração limpa. Com o pré-sal, o Brasil corre o risco de ficar pra trás na inovação, e de repetir a solução barata e simples adotada pelo países desenvolvidos na década de 90: queimar petróleo.

"Ser potência energética não é só ter energia de sobra, mas mantermos liderança em pesquisa e inovação. O mundo todo tem investido pesado em tecnologias limpas", disse. "Será que resistiremos à tentação do petróleo a ponto de continuarmos investindo em fontes limpas? Meu medo é chegarmos daqui a 100 anos como líderes em energia suja".

Leia mais sobre energia

Pré-sal está cercado de ilusionismos, dizem especialistas em energia

MME: Em 2019, Brasil produzirá 5 mi de barris de petróleo/dia

Acompanhe as notícias de Meio Ambiente e Energia no Twitter

 

Acompanhe tudo sobre:Meio ambientePré-salTecnologias limpas

Mais de Mundo

Joe Biden deseja sucesso ao papa Leão XIV e que 'Deus o abençoe'

Presidente do Peru agradece Papa Leão XIV por 'mais de 20 anos de serviço' no país

Papa estava de passagem comprada para terceira vinda ao Brasil

Trump quer aumento de impostos para milionários que ganham acima de US$ 2,5 milhões