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Brasil e Nicarágua vivem tensão diplomática após expulsão de embaixadores dos dois países

Governo brasileiro expulsou a nicaraguense Fulvia Patricia Castro em resposta a expulsão do brasileiro Breno de Souza

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Publicado em 9 de agosto de 2024 às 08h31.

Última atualização em 9 de agosto de 2024 às 11h28.

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O Brasil e a Nicarágua entraram em uma crise diplomática depois que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva expulsou, nesta quinta-feira, 8, a embaixadora nicaraguense em resposta à mesma medida contra seu representante diplomático por parte da gestão de Daniel Ortega.

Antes desse impasse, as relações entre os dois governos já havia esfriado há meses. Mas um evento recente elevou as tensões.

A ausência do embaixador brasileiro, Breno de Souza, em um ato oficial recente gerou "descontentamento" no governo nicaraguense, embora ele não tenha sido "o único representante diplomático a faltar", disse uma fonte diplomática à AFP.

O ato foi a comemoração, em 19 de julho, do aniversário da Revolução Sandinista, de acordo com veículos de comunicação opositores editados por nicaraguenses no exílio.

Diante da reação irritada de Manágua, o "Brasil contra-argumentou, dizendo que acha que esse não é um caminho produtivo, um caminho que não vai levar a qualquer resultado mais positivo", indicou a fonte.

Ainda assim, a Nicarágua optou pela expulsão e Brasília agiu segundo o princípio da reciprocidade, pedindo a saída da embaixadora Fulvia Castro.

"Nenhum embaixador de país nenhum é obrigado a participar de eventos", afirmou a jornalistas o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

Trata-se de uma "agressão fortuita ao padrão internacional de respeito às embaixadas e aos embaixadores", acrescentou.

A vice-presidente da Nicarágua e esposa de Ortega, Rosario Murillo, por sua vez, apontou que ambos os diplomatas já haviam deixado os respectivos países, sem dar mais detalhes.

O representante brasileiro "saiu de nosso país, de nossa Nicarágua, e da mesma forma nossa embaixadora (...) está a caminho de nossa pátria", disse nesta quinta Murillo à mídia governista.

Esfriamento

A relação entre Brasília e Manágua, capital do país da América Central, se deteriorou meses atrás, depois que Ortega ignorou as tentativas de Lula para mediar, a pedido do papa Francisco, a libertação de um bispo preso.

"O dado concreto é que o Daniel Ortega não atendeu o telefonema e não quis falar comigo. Então, nunca mais eu falei com ele, nunca mais", declarou Lula em 22 de julho em uma coletiva de imprensa com agências internacionais, entre elas a AFP.

Em janeiro, o governo da Nicarágua libertou dois bispos católicos, entre eles o monsenhor Rolando Álvarez, além de outros religiosos, e os enviou para Roma, segundo veículos de imprensa e opositores nicaraguenses no exílio.

Ortega, que governou na década de 1980 após a vitória da Revolução Sandinista, voltou ao poder em 2007 e é acusado por opositores e críticos de instaurar um regime autoritário.

Em 2018, protestos multitudinários contra o governo, nos quais foram registrados mais de 300 mortos, segundo a ONU, foram qualificados pelas autoridades nicaraguenses como uma tentativa de golpe de Estado patrocinada por Washington.

A crise com Brasília "é um golpe duro para a ditadura da Nicarágua porque vai ficando mais isolada e sozinha na América Latina, mas sobretudo isolada e solitária dentro deste grupo da esquerda latino-americana", afirmou à AFP o ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA) Arturo McFields, que se exilou nos Estados Unidos após deixar o governo de Ortega.

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