"O Brasil precisa demonstrar mais vontade de olhar seriamente para as evidências de que o Irã pode estar desenvolvendo armas atômicas", disse Peter Hakim (AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2011 às 19h09.
São Paulo - O Brasil precisa ser mais cético em relação às intenções do Irã se pretende obter o apoio dos Estados Unidos em sua busca por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, indicou na sexta-feira um respeitado analista de Washington.</p>
"O Brasil precisa demonstrar mais vontade de olhar seriamente para as evidências de que o Irã pode estar desenvolvendo armas atômicas", disse Peter Hakim, presidente emérito do Inter-American Dialogue, um centro de estudos focado em América Latina e baseado em Washington.
Em entrevista ao chat room Trading Brazil da Reuters, Hakim disse que o Estados Unidos ainda estão irritados com o acordo que Brasil e Turquia intermediaram com o Irã sobre a questão nuclear. Depois da tentativa de negociação, os dois países votaram contra sanções ao Irã na Organização das Nações Unidas (ONU), o que desagradou os norte-americanos.
As declarações vêm poucas semanas antes da visita do presidente norte-americano, Barack Obama, ao Brasil, prevista para 19 e 20 de março.
Para Hakim, o Brasil não precisa necessariamente concordar com os Estados Unidos, mas deveria adotar um distanciamento em relação ao Irã.
"Washington vê que hoje o Brasil usa a questão do Irã para provocar os Estados Unidos", afirmou. "Acredito que um período de distância cordial entre o Brasil e o Irã seria bem-vindo."
Obama e Dilma
Hakim, que há décadas acompanha as relações entre os EUA e a América Latina, e participa como conselheiro em instituições como o Banco Mundial e o Council of Foreign Relations, acredita que a visita de Obama ao Brasil terá poucos resultados práticos. Busca mais criar uma relação de maior confiança entre ambos países.
As perspectivas são favoráveis, já que a presidente Dilma Rousseff está sendo vista como alguém com poder de decisão, com um olhar pragmático e moderado para analisar as questões."Minha impressão é que Washington está favoravelmente impressionado", disse o analista.
Em um mundo no qual a China emerge como nova potência, os Estados Unidos enxergam um papel global para o Brasil em pelo menos quatro questões, se conseguir manter seu avanço econômico nos próximos anos, ponderou Hakim.
"O Brasil deve desempenhar um papel importante no comércio, particularmente na Organização Mundial do Comércio (OMC); em não-proliferação nuclear, se assim o quiser; em clima, com Amazônia como símbolo e tema de grande importância; e mais em geral em temas de governança das instituições financeiras internacionais", afirmou.