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Brasil desconfia dos EUA e se surpreende com "sensibilidade" de vizinhos

De acodo com WikiLeaks, Dilma Rousseff teria questionado acordos dos Estados Unidos, como o assinado com a Colômbia para o uso de bases militares

Chefe da Casa Civil na época, Dilma Rousseff perguntou por que e para que os Estados Unidos precisavam estabelecer acordos (Antonio Cru/AGÊNCIA BRASIL)

Chefe da Casa Civil na época, Dilma Rousseff perguntou por que e para que os Estados Unidos precisavam estabelecer acordos (Antonio Cru/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2010 às 15h11.

Washington - O Governo brasileiro expressou sua desconfiança com a política dos Estados Unidos, e também com a "sensibilidade" dos países hispânicos em relação a Washington, segundo mensagens diplomáticas divulgadas neste domingo pelo WikiLeaks.

O jornal espanhol "El País" publicou neste domingo outra rodada de mensagens trocadas entre o Departamento de Estado e embaixadas dos EUA em diferentes partes do mundo, incluindo algumas que descrevem conversas mantidas com o Governo brasileiro em agosto de 2009.

A então chefe da Casa Civil e agora presidente eleita do Brasil, Dilma Rousseff, perguntou nessas reuniões por que e para que os Estados Unidos precisavam estabelecer acordos, como o assinado com a Colômbia para o uso de bases militares.

As conversas aconteceram durante uma visita a Brasília do conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, o general James L. Jones, a quem Dilma disse que "assuntos como este abrem as portas para os radicais que querem criar problemas na região", segundo o relatório da embaixada americana enviado ao Departamento de Estado.

O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse a Jones que as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) "jamais tinham estado tão debilitadas e que a única ameaça para a segurança dos Estados Unidos na América Latina vinha do México".

Segundo o WikiLeaks, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, disse a Jones e sua comitiva que a transparência era um fator importante nas relações com Washington e que para o Governo do Brasil era mais difícil lidar com assuntos como as bases na Colômbia quando eram descobertos através da imprensa.

O pacto dos EUA com a Colômbia para o uso de algumas bases aéreas foi recebido com insatisfação na Venezuela - onde o presidente Hugo Chávez sustentou que era parte de um plano de agressão militar contra seu país -, e protestos em outras partes da América Latina.

Jobim acrescentou que "o Brasil também é frequentemente surpreendido com as sensibilidades 'da América que tem o espanhol como língua materna' sobre assuntos que em outras partes são considerados inócuos".

O ministro da Defesa também "enfatizou a importância para o Brasil da estabilidade regional, mas advertiu que o país resiste a ser rotulado como 'líder regional', porque não acha positivo para a resolução dos problemas".

Garcia assinalou que as tensões entre Venezuela e Colômbia são "a continuação de uma longa relação de amor e ódio entre os dois países e que aquela era a terceira crise com a qual ele havia tido que lidar".

Tanto Garcia como o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sugeriram aos visitantes americanos que os Estados Unidos deveriam buscar um canal direto de comunicação com o presidente Chávez, e Amorim indicou que "um bom diálogo entre ambos os Governos teria um impacto na situação interna na Venezuela, porque grande parte da oposição de Chávez tem vínculos com os Estados Unidos"

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