Líderes do Brics durante foto oficial na reunião de cúpula no Rio de Janeiro, em julho (Pablo Porciúncula/AFP)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 1 de setembro de 2025 às 17h32.
Última atualização em 1 de setembro de 2025 às 17h55.
O Brasil convocou uma reunião virtual de líderes do Brics para a próxima segunda-feira, 8 de setembro, cujo principal eixo de discussão será a "defesa do multilateralismo". No encontro, haverá espaço para debater formas de lidar com as tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
A informação foi divulgada inicialmente pela agência Bloomberg e confirmada pela EXAME.
O Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, que são membros fundadores, e mais seis países: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. Assim, o encontro poderá reunir os presidentes Lula, Vladimir Putin, Xi Jinping e Cyril Ramaphosa.
Oficialmente, a pauta da reunião é abrir espaço para que os membros plenos do Brics nos principais eventos internacionais dos próximos meses, como a Assembleia Geral da ONU, em 23 de setembro, a COP30, em Belém, e a cúpula de líderes do G20, na África do Sul, ambas em novembro.
O Brasil preside o Brics até o fim do ano, e tem poder para convocar reuniões. Além disso, o grupo mantém debates de forma contínua em diversos temas.
No encontro de líderes, haverá espaço para debater formas de fortalecer o comércio entre os países do bloco e estratégias para lidar com as tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Brasil e Índia, dois dos principais países do grupo, receberam tarifas de 50%. Trump pressiona o Brasil a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e quer que a Índia deixe de comprar petróleo da Rússia. Os EUA aplicaram sanções contra os russos por conta da invasão da Ucrânia, em 2022.
A última reunião do Brics foi realizada no começo de julho, no Rio de Janeiro. O encontro foi marcado com embates com Trump. Em sua declaração final, a reunião fez críticas às tarifas impostas pelo líder americano, sem citá-lo nominalmente.
No entanto, Trump reagiu e ameaçou aplicar uma tarifa extra de 10% sobre todos os países que apoiarem o que chamou de “política antiamericana dos Brics”. Ele não oficializou a medida.
Em declarações anteriores, Trump chegou a ameaçar tarifas de até 100% sobre produtos de países que abandonassem o uso do dólar. O Brics tem defendido ampliar as transações em moedas locais, mas ainda está distante de ter uma moeda própria.
Dois dias após o fim do encontro, em 9 de julho, Trump anunciou o aumento da tarifa de importação para o Brasil para 50%. A medida passou a valer em agosto e segue em vigor. Houve, no entanto, cerca de 700 produtos isentos, incluindo petróleo, suco de laranja e aeronaves.
A nova reunião do Brics será realizada em meio ao julgamento de Bolsonaro, que começa na terça-feira, dia 2, e tem sessões previstas até 12 de setembro. Uma eventual condenação do ex-presidente pode levar os EUA a anunciarem novas tarifas e sanções contra o Brasil.