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Brasil assina acordo para trazer gás natural da Argentina ao mercado brasileiro

Expectativa é que importação de gás vindo das reservas de Vaca Muerta ajude a baixar preço do insumo no país

Os ministros Alexandre Silveira, do Brasil, e Luis Caputo, da Argentina, após assinatura do acordo, no Rio de Janeiro (Divulgação)

Os ministros Alexandre Silveira, do Brasil, e Luis Caputo, da Argentina, após assinatura do acordo, no Rio de Janeiro (Divulgação)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 14h06.

Última atualização em 18 de novembro de 2024 às 16h15.

Rio de Janeiro - Os governos do Brasil e da Argentina assinaram um memorando nesta segunda, 18, para criar uma infraestrutura para trazer gás argentino ao mercado brasileiro.

A assinatura ocorreu em um evento paralelo ao encontro de cúpula do G20, realizado no Rio de Janeiro, pelos ministros Alexandre Silveira, de Minas e Energia, pelo Brasil, e Luis Caputo, ministro da Economia da Argentina.

A parceria visa trazer ao mercado brasileiro gás proveniente de Vaca Muerta, um dos maiores campos de produção da Argentina, com o objetivo de ampliar a oferta e reduzir os custos do insumo no Brasil.

O acordo permitirá a importação inicial de 3 milhões de metros cúbicos por dia ainda este ano, com aumento gradual para 10 milhões m³/dia em três anos e até 30 milhões de metros cúbicos diários até 2030. No total, o gás adicionado representa quase um terço do consumo diário atual do mercado brasileiro.

"A indústria química tem 30% de ociosidade por falta de competitividade no preço de gás", disse Silveira, durante entrevista coletiva.  "O gás será usado para manufaturar nossas riquezas, como o minério, e criar uma agricultura de baixo carbono. O uso do gás faz parte da transição energética", afirmou

"Nosso grande objetivo é buscar preços mais competitivos nos combustíveis, respeitando as regras do mercado, e colocar  acima de tudo a importância da segurança energética e de mercado, trazendo mais gás ao brasil e mais crescimento na Argentina", concluiu.

Perguntado se a Argentina deu garantias de que cumprirá os acordos, apesar da postura ideológica do governo Milei em vários temas, Silveira disse ter confiança no país vizinho. "A Argentina faz mais discursos do que gestos. Existe um discurso e uma realidade fática. No mundo real, é uma questão de sobrevivência. Outro dia faltou gás em uma cidade argentina e nós suprimos", disse.

Queda de preço

O gás argentino tem custo menor do que os valores pagos hoje no Brasil, o que prejudica a competitividade industrial do país. Atualmente, o insumo em Vaca Muerta custa cerca de US$ 2 por milhão de BTUs na Argentina, enquanto no mercado brasileiro, a média é de US$ 13,82 por milhão de BTUs. Estima-se que, mesmo com os custos logísticos, o preço final do gás argentino importado fique entre US$ 7 e US$ 8 por milhão de BTUs.

Para viabilizar a importação, o acordo prevê cinco rotas potenciais. A mais imediata envolve o aproveitamento do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol), que está subutilizado devido à queda na produção boliviana.

Outras opções incluem a construção de uma nova rede passando pelo Chaco Paraguaio ou a conexão direta entre a Argentina e o Rio Grande do Sul, via Uruguaiana.

Para esta última, seria necessária a conclusão de obras pendentes em um gasoduto na Argentina, e da ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre, prevista no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

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